Claudia Zogheib
Em setembro de 1993, há 30 anos atrás o filme icônico “A casa dos Espíritos” foi lançado, tendo como pano de fundo uma história inspirada no livro de maior sucesso de Isabel Allende, um clássico do realismo mágico e da literatura latino-americana.
A obra narra a vida de uma família cujos laços de amor e ódio são mais complexos e duradouros do que a “lealdade política” e que os colocam uns contra os outros, cercados por tristezas, alegrias e lutas que com o passar dos anos foram se deteriorando em meio a fragilidade que o país vivia naquela época.
O filme conta a história da família Trueba e do Chile da década de 20 aos anos 70, relatando a vida de um homem simples que enriqueceu com o suor de seu trabalho, mas que era uma pessoa desatenta às condições de vida do povo daquele lugar e que se casa com uma jovem de poderes paranormais. A saga se desenvolve até esta família ser atingida pela revolução que no início da década de 70 derrubou o presidente Salvador Allende.
Trata-se de uma história que vai além do movimento político da época, que narra diferenças que impõem situações atípicas para esta família assim como da sociedade da época.
O elenco composto com grandes nomes como Jeremy Irons, Meryl Streep, Glenn Close, assim como Antônio Banderas, Winona Ryder no início de carreira só poderiam resultar num clássico filme, rico em interpretação que vai além de sua própria história, e que mesmo após 30 anos faz dele um grande espetáculo, uma aula de história e geografia que pode ser assistido com a mesma surpresa e expectativa de trinta anos atrás.
Os entremeios das relações familiares anunciam as diferenças assim como cada um foi “sobrevivendo” às suas próprias convicções, com cenas francas e difíceis de serem mantidas. Na mesma família ideologias diferentes, tendo “Clara” como conciliadora, uma mulher que visava antes de tudo o respeito e a paz mesmo nas diferenças, uma personagem forte que via além do que estava acontecendo, que pressentia que o desamor não iria acabar bem para nenhum dos lados, que sabia olhar a todos de maneira com que cada um se sentisse olhado, mesmo nas diferenças e tendo opiniões claras.
O filme tem uma trilha sonora maravilhosa de Hans Zimmer e foi filmado na Europa com um elenco impecável de Hollywood o tornando tão maravilhoso, afinal não poderia ser diferente.
Um espetáculo de interpretação que merece ser revisto, tendo um cenário, figurino, mobiliário impecável, com direção de Bille August.
Independente da ideologia, para quem gosta de rever grandes intepretações sem dúvida vale a pena!
Música Clara’s Ghost / La Paloma / Closing Titles.