Por Natalia Frizzo
Outubro Rosa chegou, e, com ele, uma variedade de movimentos e campanhas de conscientização, para prevenção e combate ao câncer de mama, disseminam-se entre nossos olhos e ouvidos.
O autoexame físico, nesse cenário, é extremamente importante, assim como a realização das mamografias e ecografias, conforme idade e orientação médica. Mas o convite que venho fazer hoje aqui é também para outro tipo de autoexame – o emocional. Para o tão necessário olhar interior, autoconhecimento, familiaridade e intimidade com o próprio corpo e sensações.
E, por isso, uma das mais significativas conscientizações que este mês, Outubro Rosa, deve trazer a você é que todos os dias e meses são igualmente importantes para sua saúde e para sua felicidade.
Mas, ser capaz de cuidar de si envolve lembrar-se do quanto você é importante. Do quanto precisa estar bem para construir seu futuro, realizar os planos do presente, aproveitar as pessoas e as oportunidades que a vida oferece. Até mesmo, para cuidar dos outros, é preciso estar saudável para executar quaisquer que sejam as tarefas.
Então, este mês, Outubro Rosa, é também um convite ao “auto-amor”. É o convite ideal para reforçar a importância da nossa saúde estar sempre ao nosso lado, nessa jornada eterna de desabrochar e nos reinventarmos para a vida.
O princípio fundamental do autocuidado é que você é o centro de qualquer mudança na sua vida e na sua saúde. Ninguém conhece melhor seu corpo, seus limites e potencialidades do que você mesmo. Você é a pessoa que melhor tem condições de saber o que precisa para se sentir bem e o que ajuda ou atrapalha os processos de mudanças.
Sempre me questiono sobre o fato de não ser preciso adoecer, para perceber o quanto andávamos cansados, o quanto o esgotamento retirou a atenção ao corpo e mente, ou sobre o quanto insistíamos em relações fracassadas com as pessoas, com o trabalho, com a autoestima, com a vida. Ou pelo menos me inquieto pensando que não deveríamos adoecer, para prestar atenção em tudo isso.
Mas, muitas vezes, a doença não é exatamente uma escolha, e ela chega e atravessa a vida sem pedir licença. E, quando companheira indesejada, necessita de cuidado e atenção, não só porque precisa ser controlada, mas também porque não pode a必利勁
dquirir o poder de centralizadora da nossa vida e pensamentos até o final de nossa existência.
Então, se você convive com o câncer de mama, essa leitura também é para você. E preciso deixar aqui um lembrete: sua beleza permanece, sua vida segue acontecendo mesmo com a doença, você ainda é linda, ainda é forte, ainda pode e deve olhar para o presente e o futuro com o mesmo amor pela vida. Sua saúde importa, seu corpo e mente precisam de você, seus relacionamentos seguem disponíveis para serem revisados e desfrutados diariamente. Você importa. Jamais se esqueça disso.
Outubro Rosa coloca holofote na prevenção e combate da doença e hoje quero colocar holofotes em você. O câncer não é o protagonista, o protagonista é você. Não é o câncer que o modifica, é você que escolhe realizar mudanças ou construir novos significados quando o câncer se apresenta em sua vida.
Empodere-se, defenda suas próprias causas, descubra os motivos que alimentam o desejo de permanecer nessa vida, e então você estará promovendo saúde, não só no Outubro Rosa, mas a todo instante, enquanto respirar.
Promoção de saúde. Essa também é a lição que este mês carrega. E promover saúde para quem convive com o câncer, como paciente ou como familiar, ou amigo, significa construir espaços de cura interior, de ressignificações pessoais, de reencontro com a própria fé, valores, possibilidades.
O autoexame, que precisa ser considerado também nas campanhas que hoje fazemos pelo Outubro Rosa, é aquele que envolve o examinar da própria vida, escolhas, relações. É a prevenção de riscos para saúde física, mas também emocional.
Trata-se do alerta para a forma como venho conduzindo minha vida. E sobre o que percebo que faço de bom e assertivo. Mas também sobre aquilo que posso fazer mais e melhor.
Cura nunca se tratou apenas de Biologia. Aliás, como diz BJ Millera: “cura verdadeira não acontece com uma pessoa. Acontece por causa dela.”
Quando você convive com o câncer, você aprende a reformular hábitos. Mas se pararmos para pensar, se você deseja contribuir para viver mais e melhor, sua dieta, sua mente e pensamentos, e sua espiritualidade vão precisar de atenção e reforço – com ou sem câncer, sempre estamos atrás de algo que possa nos curar e servir de alimento para que nos mantemos vivos.
Sempre me inquietaram algumas campanhas de Outubro Rosa, que mostram pessoas como guerreiras e vitoriosas por terem superado o câncer. Evidente que são! São mulheres corajosas, fortes, com sede de vida e merecem a celebração!
Mas convivo com fantásticas mulheres, que compartilham o fato de estarem vivas com um câncer crônico, metastático e fazem de cada dia uma espécie de conquista, e não se limitam em seu próprio diagnóstico. A essas bravas mulheres, também dedico o troféu de vitória. Afinal, mais do que sobreviventes, elas são “superviventes”!
O câncer não é um invasor inimigo e a morte não é uma derrota. Além disso, se formos acreditar que morrer é perder a batalha, isso nos levaria a uma conclusão deprimente: é uma batalha impossível de ganhar. Afinal, nenhum ser humano jamais escapou da mais absoluta certeza, todos um dia morreremos.
Mas, enquanto isso não acontece, o intervalo chamado vida está disponível para nossa apreciação.
Ter câncer não significa viver um duelo entre remissão ou morte. Não é vitorioso, apenas aquele que elimina a doença do corpo. Aliás, não há vencedores ou perdedores, há pessoas, que, apesar do diagnóstico, desbravam a própria coragem e seguem experimentando a vida e superando desafios.
Gosto muito de uma frase de Jussara, criadora do canal Supervivente no Youtube. Ela diz: “Todo mundo vai morrer um dia, mas o intervalo é valiosíssimo.”
Então, como diz Ana Claudia Arantes: “saia por aí e espalhe seu “sorriso latifundiário”.” Celebre este mês com a potência que ele carrega – validando a prevenção do câncer, sua detecção precoce, com o olhar necessário para o corpo e o cuidado que ele merece.
Mas não se esqueça de prosseguir. Faça de cada mês um arco-íris de intenções e causas a defender, e, a cada conjunto de dias, seja generoso com sua mente e espírito também.
Não tenha medo do tema, falar de câncer não atrai ou permite que a morte chegue mais rápido. Aliás, quando o derradeiro fim tiver de chegar, como canta Gil: “eu terei de estar presente, assim como um presidente, dando posse ao sucessor. Terei de morrer vivendo, sabendo que já me vou(…). Aí, nesse instante, sim, quem sabe eu sinta saudade, como em qualquer despedida.”
Mas, enquanto a hora não chega, desejo que você viva uma vida plena, com poucos arrependimentos, com algum planejamento dos cursos traçados, mas sempre com passos cuidadosos ao longo do caminho.
E que, quando o fim estiver próximo, assim como diz Frank Sinatra, você também possa dizer “Eu vivi uma vida completa, eu viajei por toda e qualquer estrada; E mais, muito mais que isso, I did it my way…”
*Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da Florida Review Magazine
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Natalia Schopf Frizzo
Psicóloga, mestra em Psicologia e Saúde – UFCSPA
Residência em Gestão e Atenção Hospitalar – Oncologia-Hematologia – UFSM. Especialista em Cuidados Paliativos- Hospital Israelita Albert Einstein Especialista em Psicologia Hospitalar- CFP
Psicóloga Clínica no HCPA e coordenadora do núcleo de Cuidados Paliativos na Oncotrata Clínica Médica
Pink October
By Natalia Frizzo
nataliafzz@hotmail.com
Pink October arrived, and with it, a variety of movements and awareness campaigns to prevent and combat breast cancer are spreading between our eyes and ears.
In this scenario, physical self-examination is imperative, as well as mammograms and ultrasounds, according to age and medical advice. But the invitation that I come here today is also for another type of self-examination – emotional. For the much needed inner look, self-knowledge, familiarity, and intimacy with the body and sensations.
And therefore, one of the most significant awareness that this month, Pink October, should bring to you is that every day and month is equally essential for your health and happiness.
But being able to take care of yourself involves remembering how important you are. How good you need to be to build your future, carry out the current plans, take advantage of people, and the opportunities life offers. Even to take care of others, you need to be healthy to perform whatever tasks.
So this month, Pink October, is also an invitation to “self-love.” It is the ideal invitation to reinforce the importance of our health being always by our side in this eternal journey of blooming and reinventing ourselves for life.
The fundamental principle of self-care is that you are the center of any change in your life and health. No one knows your body, its limits, and potentially better than you. You are the person best able to understand what you need to feel good and what helps or hinders change processes.
I always wonder that it is not necessary to get sick, realize how tired we were, how much exhaustion removed attention from the body and mind, or how much we insisted on failed relationships with people, with work, with self-esteem, with life. Or at least I worry about thinking that we shouldn’t get sick, to pay attention to all this.
The disease is often not exactly a choice, and it arrives and goes through life without asking permission. When an unwanted companion, she needs care and attention, not only because she needs to be controlled, but also because she cannot acquire the power to centralize our life and thoughts until the end of our existence.
So, if you live with breast cancer, this reading is also for you. And a reminder is needed: your beauty remains, your life continues to happen even with the disease, you are still beautiful, you are still healthy, you can and should look at the present and the future with the same love for life. Your health matters, body, and mind need you, your relationships are still available to be reviewed and enjoyed daily. You matter. Never forget that.
Pink October puts the spotlight on preventing and fighting disease, and today I want to spotlight you. Cancer is not the protagonist. The protagonist is you. It is not cancer that changes you. It is you who choose to make changes or build new meanings when cancer appears in your life.
Empower yourself, defend your causes, discover the reasons that fuel the desire to stay in this life, and then you will be promoting health, not only in Pink October but at all times, while breathing.
Health promotion. That is also the lesson that this month carries. And promoting health for those who live with cancer, as a patient or as a family member, or friend, means building spaces for inner healing, personal reinterpretations, re-encounter with one’s faith, values, possibilities.
Self-examination, which also needs to be considered in the campaigns that we do for Pink October today, involves examining one’s own life, choices, and relationships. It is the prevention of risks for physical health, but also emotional.
It is an alert to the way I have been leading my life. And about what I realize that I do good and assertive. But also about what I can do more and better.
Healing was never just about biology. As BJ Millera says: “true healing does not happen to a person. It happens because of her.”
When you live with cancer, you learn to reshape habits. But if we stop to think, if you want to contribute to living more and better, your diet, your mind and thoughts, and your spirituality will need attention and reinforcement – with or without cancer, we are always looking for something that can heal and serve us of food so that we stay alive.
I have always been concerned about some Pink October campaigns, which show people as warriors and victorious for overcoming cancer. They are! They are courageous, strong women, thirsty for life, and deserve the celebration!
But I live with fantastic women who share the fact that they are alive with chronic, metastatic cancer and make every day a kind of achievement, and are not limited to their diagnosis. I also dedicate the victory trophy to these brave women. After all, more than survivors, they are “survivors”!
Cancer is not an enemy invader, and death is not a defeat. Furthermore, if we believe that to die is to lose the battle, that would lead us to a depressing conclusion: it is an impossible battle to win. After all, no human being has ever escaped the absolute certainty; we will all die one day.
But in the meantime, the interval called life is available for our enjoyment.
Having cancer does not mean living a duel between remission or death. It is not victorious, only one that eliminates disease from the body. There are no winners or losers. There are people who, despite the diagnosis, break down their courage and continue experiencing life and overcoming challenges.
I like a phrase from Jussara, creator of the Supervivente channel on Youtube. She says: “Everyone is going to die one day, but the break is invaluable.”
So, as Ana Claudia Arantes says: “go out there and spread your “latifundiário smile.” Celebrate this month with the power it carries – validating cancer prevention, early detection, with the critical eye for the body and the care it deserves.
But don’t forget to proceed. Make each month a rainbow of intentions and causes to defend, and, with each set of days, be generous with your mind and spirit as well.
Don’t be afraid of the topic. Talking about cancer doesn’t attract or allow death to come faster. When the end has to come, as Gil sings: “I will have to be present, as well as a president, giving possession to the successor. I will have to die living, knowing that I am leaving (…). Then, at that moment, yes, maybe I miss you, as in any farewell.”
But, until the hour arrives, I wish you to live a full life, with few regrets, with some planning of the planned courses, but always with careful steps along the way.
And that, when the end is near, as Frank Sinatra says, you can also say, “I have lived a complete life, I have traveled along with any roads; And more, much more than that, I did it my way …”
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Natalia Schopf Frizzo
Psychologist, Master in Psychology and Health – UFCSPA
Residency in Management and Hospital Care – Oncology-Hematology – UFSM. Specialist in Palliative Care – Hospital Israelita Albert Einstein Specialist in Hospital Psychology – CFP
Clinical Psychologist at HCPA and coordinator of the Palliative Care nucleus at Oncotrata Clínica Médica