Por Gabriela Streb
Nossas memórias são contrárias ao tempo. Enquanto o calendário progride, nossas lembranças aumentam. Armazenamos nossos sabores e dissabores ao longo de anos. Diferente das crianças que têm todo o tempo a seu favor, porém poucas recordações.
Às vezes somos traídos pela nossa pró犀利士
pria memória por isso que filhos parecem não crescer. Os pais agem como se tivéssemos a idade infantil de brigas e reclamações de irmãos.
Encontro de colégio é uma festa e parece que ninguém ficou mais velho, as conversas e atitudes são daquela antiga turma unida nas suas recordações.
Imagens aparecem vindas do nosso baú secreto que tem o nome de memória e desencadeiam emoções múltiplas. É uma cena, é uma foto ou aquela música do rádio que faz a mente viajar. Ninguém percebe, mas aquela melodia já fez parte de você, talvez por um amor ou uma desilusão, uma alegria ou tristeza.
A memória afetiva não obedece a calendários nem estações. Eterniza amigos, brincadeiras e apelidos.
Por isso é tão difícil a despedida de algo especial que deixou de fazer parte da vida.
Mais uma semana entramos em abril, mês quatro do ano. Quando criança um dezembro até o outro levava bem mais que um ano. Hoje não, os dias voam.
Adoro celebrar a Páscoa e liguei o botão da lembrança de como meu pai pintava os ovos de galinha fervidos com uma tinta que vinha num envelope com o desenho de um coelho na capa. Só encontrava na Livraria Saile para comprar. Já fechou a anos, mas cada vez que passo na frente do prédio lembro da tal tinta.
Dizem que o tempo cura tudo, hoje penso que não é bem assim. Acho que ele acalma os sentidos e coloca um curativo na dor e aí seguimos em frente porque é assim que deve ser.