Emicida quebra barreiras e fronteiras com sua turnê histórica nos EUA. Uma vitória não apenas para ele, mas para a cultura e a música brasileira.
Por Antonio Tozzi
Nascido na periferia da Zona Norte de São Paulo, no Brasil, Leandro Roque de Oliveira sempre sonhou alto. Mas foi o seu contato com a cultura hip hop que possibilitou que os seus sonhos virassem, na verdade, um sonho coletivo possível de ser realizado. Sob a alcunha artística de Emicida, ele despontou na década passada como um dos maiores rimadores do país, tendo ganhado batalhas de freestyle por vários lugares onde passou. Desde então, ele assumiu a responsabilidade de construir uma carreira sólida e meteórica, além de contribuir para mudar a percepção preconceituosa que existia contra o RAP e a cultura hip hop nos grandes meios de comunicação e em parte da sociedade brasileira.
Em 2009, Emicida lançou a sua primeira mixtape, que lista 25 faixas. Ele saiu pelas ruas do Brasil vendendo o disco de mão em mão (a R$ 2,00). Ao todo, mais de 30 mil cópias foram vendidas. Dessa forma, nasceu a Laboratório Fantasma, gravadora que Emicida fundou ao lado do seu irmão, Evandro Fióti. A empresa foi precursora na contribuição para mudança de percepção que a indústria tinha sobre organizações oriundas da cultura hip hop. A repercussão e o impacto da primeira mixtape deram a Emicida novas possibilidades e projeções, além da construção de uma base sólida de fãs país afora. Em 2011, ele foi considerado pela revista VICE um dos 100 talentos mais criativos do mundo e, por esse motivo, recebeu o convite para se apresentar no festival Coachella (Indio, na Califórnia) – até hoje, ele foi o único rapper brasileiro a ter se apresentado como atração do festival. Este foi apenas o primeiro passo para uma carreira internacional, que, em seguida, teria passagem por outros palcos relevantes, como em duas edições do SXSW, em Austin, no Texas.
Ao longo dos anos, algumas parcerias fizeram com que a sua relevância extrapolasse o campo musical para que ele se tornasse uma referência na cultura pop. Em uma parceria com a produtora Rockstar, duas de suas músicas entraram para a trilha do game “Max Payne 3”; enquanto a EA Sports incluiu faixas dele no FIFA. Em 2022, Emicida se tornou o primeiro artista brasileiro a realizar um show dentro do Fortnite.
No paralelo, junto com a Laboratório Fantasma, Emicida pegou para si o desafio de mostrar que é possível mudar a sociedade por meio da música. Então ele passou a instigar a sociedade com desfiles de moda no qual colocou representatividade nas passarelas; escreveu livros infantis, que se tornaram best sellers; se tornou apresentador de programas de TV e podcast; além de ter colocado discos e parcerias nacionais e internacionais importantes na indústria, entre elas destacam-se: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Erasmo Carlos, Pabllo Vittar, Pitty, Vanessa da Mata; e Ibeyi (duo franco-cubano) e Miguel (estrela do R&B norte-americano). Hoje, ele é tido como um verdadeiro pensador contemporâneo (e não apenas no Brasil). Em 2021, Emicida passou de aprendiz a mestre no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, em Portugal.
Após muitas turnês internacionais, com shows em palcos importantes, como WOMAD Festival (UK), Roskilde Festival (DK), Afropunk (USA) e o Barbican Centre (em Londres), agora, o artista se prepara para mais um grande passo na sua carreira e em sua experiência fora do Brasil e anuncia a maior turnê da sua trajetória nos Estados Unidos, além de confirmar a sua primeira passagem pelo Canadá.
A turnê AmarElo é a maior e mais bem sucedida da sua carreira, com mais de 130 shows ao redor do mundo. Chegou a vez da América do Norte, começando pelos Estados Unidos em Nova York. No dia 3 de setembro, o rapper faz um show gratuito dentro da programação do Festival de Cinema Inffinito no SummerStage, no Central Park, um dos festivais mais aguardados do verão na região. Emicida, na sequência, parte para espetáculos em Los Angeles, no dia 5 de setembro; e em Miami, no dia 9 de setembro. A sua estreia no Canadá tem datas marcadas para 13 e 14 de setembro, quando ele sobe ao palco em Toronto. Os ingressos para o show do dia 14 esgotaram em tempo recorde. No dia seguinte, 15 de setembro, é a vez de Montreal, também no Canadá. De volta aos Estados Unidos, Emicida passa por: Boston, no dia 17 de setembro; Boulder, no dia 19 de setembro; e Berkeley, no dia 20 de setembro. O encerramento da turnê norte-americana acontece em Vancouver, no Canadá, no dia 22 de setembro.
Todos os shows da turnê tomam como base o experimento social AmarElo, projeto musical que inspirou o álbum AmarElo, que ganhou o Grammy Latino e também o troféu Bronze na categoria de mídia no festival de criatividade de Cannes e se tornou um dos discos de rap mais premiados do Brasil. O trabalho originou ainda dois filmes (ambos disponíveis na Netflix): o filme concerto “AmarElo ao vivo”, com a íntegra do épico espetáculo que aconteceu no Theatro Municipal de São Paulo em 2019; e o prestigiado documentário “AmarElo – É tudo pra ontem”, lançado em 2020, que conta a história da cultura brasileira pela ótica e importância do legado e contribuição histórica da população negra. Este último, inclusive, foi indicado à premiação “Emmy Internacional Academy” como melhor programação artística.
O público norte-americano pode esperar por músicas da época em que Emicida se dizia apenas um “aprendiz”, além das faixas que marcaram a sua carreira e que o levam cada vez mais longe. Esse será mais um grande marco na trajetória do artista e para a cultura urbana contemporânea do seu País de origem. Mais que um artista, Emicida é um grande porta-voz e representante da Cultura e da sociedade Brasileira. A turnê Norte-Americana de AmarElo tem o intuito de quebrar estereótipos e paradigmas, posicionando o RAP e a música brasileira como uma cultura influente de modo global. A turnê é uma produção da LAB Fantasma (capitaneada pelo executivo e empresário Evandro Fióti) em parceria com a gravadora Urban Jungle.
No palco, Emicida (Voz e Flauta) se apresentará do lado do power trio formado por Julio Fejuca (Diretor musical, Baixo, Cavaquinho e violão), Michelle Cordeiro (Guitarra e Backings Vocal) e Jhow Produz (Bateria e percussão).
Além de datas nos Estados Unidos, o rapper paulistano faz a sua estreia no Canadá.