Por Paulo Coelho
“Um GUERREIRO da luz que confia demais na sua inteligência acaba por subestimar o poder do adversário. É preciso não esquecer: há momentos em que a força é mais eficaz do que a sagacidade. E quando estamos diante de certo tipo de violência, não há brilho, argumento, inteligência ou charme que possam evitar a tragédia.
Por isso, o guerreiro nunca subestima a força bruta: quando ela é agressiva irracionalmente, ele se retira do campo de batalha até que o inimigo desgaste sua energia. Entretanto, é bom deixar bem claro: um guerreiro de luz nunca se acovarda. A fuga pode ser uma excelente arte de defesa, mas não pode ser usada quando o medo é grande. Na dúvida, o guerreiro prefere enfrentar a derrota e depois curar suas feridas porque sabe que, se fugir, está dando ao agressor um poder maior do que ele merece. Ele pode curar o sofrimento físico, mas será eternamente perseguido por sua fraqueza espiritual.
Em momentos difíceis, o guerreiro encara a situação desvantajosa com heroísmo, resignação e coragem. Para atingir o estado espiritual necessário (já que está entrando em uma luta com desvantagem e pode sofrer muito), o guerreiro precisa entender exatamente aquilo que pode lhe fazer mal.
Okakura Kakuzo comenta em seu livro sobre o espírito japonês do chá: Nós olhamos com maldade nos outros porque conhecemos a maldade através de nosso comportamento. Nós nunca perdoamos aqueles que nos ferem porque achamos que jamais seríamos perdoados. Nós dizemos a verdade dolorosa ao próximo porque a queremos esconder de nós mesmos. Nós mostramos nossa força para que ninguém possa ver nossa fragilidade. Por isso, sempre que estiver julgando o seu irmão, tenha consciência de que é você quem está no tribunal. Às vezes, essa consciência pode evitar uma luta que só trará desvantagem. Outras vezes, porém, não existe saída, apenas combate desigual. Sabemos que vamos perder, mas o inimigo, a violência, não deixou nenhuma outra alternativa – exceto a covardia, e isso não nos interessa.
Neste momento, é preciso aceitar o destino, procurando manter em mente um texto do fabuloso Bhagavad Gita, do capítulo II, 16-10. O homem não nasce e também nunca morre. Tendo vindo a existir, jamais deixará de fazê-lo porque é eterno e permanente. Assim como um homem descarta as roupas usadas e passa a usar roupas novas, a alma descarta o corpo velho e assume o corpo novo. Mas ele é indestrutível; espadas não podem cortá-lo, fogo não o queima, a água não o molha, o vento jamais o resseca. Ela está além do poder de todas as coisas. Como o homem é indestrutível, ele é sempre vitorioso (mesmo em suas derrotas), e por isso não deve lamentar-se jamais.
O mestre e o combate. O mestre de aikido exigia treinamentos intensivos, mas jamais liberava seus alunos para competições com outras academias de artes marciais. Todos relatavam entre si, mas ninguém tinha coragem de comentar o assunto em aula. Até que, certa tarde, um dos rapazes ousou perguntar: ‘Temos sempre nos dedicado com todo o nosso coração ao estudo de aikido. Entretanto, jamais saberemos se somos bons ou maus lutadores, porque não podemos enfrentar ninguém de fora.’ ‘Que vocês jamais precisem saber’, respondeu o mestre. ‘O homem que deseja brigar perde sua ligação com o universo. Nós estamos aqui estudando a arte de resolver conflitos, e não de iniciá-los.'”
Análise do Texto: “Enfrentar ou Escapar, a Arte da Retirada”
“O texto fala sobre a importância de equilibrar a inteligência com a força em situações desafiadoras. Destaca que, em certos momentos, a força é mais eficaz do que a sagacidade, especialmente quando se enfrenta violência. O guerreiro de luz não subestima a força bruta, mas também não se acovarda. Em vez disso, ele prefere enfrentar a derrota e curar suas feridas em vez de fugir.”
“Existe necessidade de compreender o que pode causar dano e discute como as pessoas muitas vezes projetam sua própria maldade nos outros. É importante enfrentar desafios com heroísmo, resignação e coragem.”
“Os ensinamentos espirituais do Bhagavad Gita, enfatizando a indestrutibilidade da alma e a importância de aceitar o destino. Por fim, esta história sobre o mestre de aikido ensina a arte de resolver conflitos em vez de iniciar brigas.”
“Resumindo, o texto fala sobre a sabedoria de equilibrar inteligência e força, enfrentar desafios com coragem e buscar a resolução de conflitos em vez de confrontos desnecessários.”