Por Antonio Tozzi
O economista Javier Milei é o novo presidente da Argentina e será o novo morador da Casa Rosada, em Buenos Aires, a partir de janeiro de 2024.
Sua eleição vem provocando várias reflexões. A primeira é, sem dúvida, a pouca confiabilidade dos institutos de pesquisas eleitorais. Eles apontavam empate técnico entre Milei e Sergio Massa, seu adversário no segundo turno da eleição presidencial, realizada no domingo, 19 de novembro. O resultado eleitoral, no entanto, mostrou uma votação muito expressiva a favor de Milei, a ponto de Massa reconhecer a derrota e cumprimentar seu rival antes da finalização da apuração dos votos dos eleitores.
A segunda reflexão é a indignação e frustração de simpatizantes de Massa, normalmente o pessoal ligado à esquerda. Eles estão pintando Milei como um louco desvairado, ultradireitista e sem compromisso com a democracia. Entretanto, eles estrategicamente omitem que o candidato derrotado é (ou era) o ministro da Economia da Argentina, que em um ano levou o país a uma taxa de inflação de 142% . Ou seja, o povo argentino, cansado do peronismo que levou o país ao caos e deixou 40% da população na pobreza, decidiu apostar no desafiante que promete revolucionar a economia do país e devolver a Argentina ao seu lugar de importância dentro da América do Sul e da América Latina.
A terceira reflexão é o desconforto que sua eleição provocou no governo brasileiro. A atual administração nunca escondeu sua torcida por Massa, com o partido do presidente Lula enviando até mesmo marqueteiros para ajudar na campanha eleitoral do candidato governista. Agora, os dois governos terão de conviver dentro das regras da civilidade e do relacionamento comercial que une as duas nações, até porque o Brasil é o segundo maior parceiro comercial da Argentina.
Dito isso, o presidente eleito, Javier Massa, manteve sua promessa de privatizar empresas dos setores de comunicação e de energia da Argentina, um dos pilares de sua campanha. Em entrevista à rádio argentina Mitre, o ultraliberal disse que vai privatizar a petroleira YPF e as redes de comunicação TV Pública, Rádio Nacional e Télam. Segundo Milei, a YPF está deteriorada e precisa ser reconstruída. Já a TV Pública “se tornou um mecanismo de propaganda”.
Do ponto de vista de comércio internacional, a União Europeia afirmou que continuará trabalhando para finalizar o acordo entre Mercosul e o bloco europeu até o prazo de 7 de dezembro, estabelecido pelos dois grupos. Numa declaração na segunda-feira, a Comissão Europeia insistiu que as negociações têm sido “extremamente construtivas” e que o plano é de que o processo seja encerrado até o final de 2023.
As próximas reuniões entre o Mercosul e a UE estão marcadas para ocorrer em Brasília na próxima sexta-feira e sábado, na sede do Instituto Rio Branco.
O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, declarou que poderia retirar seu país do Mercosul, num gesto que abalaria todos os planos de um pacto comercial entre os dois blocos.
Dentro do governo brasileiro, o objetivo é o de usar a cúpula do Mercosul no dia 7 de dezembro no Rio de Janeiro para fazer o anúncio de um acordo, o que significaria o estabelecimento do maior e entendimento de livre comércio do mundo.
Para a UE, a meta continua sendo a de entregar um acordo finalizado dentro do prazo estabelecido pela presidente da Comissão Europeia, Ursula Van der Leyen. Em outubro, várias reuniões ocorreram entre os dois blocos e, na última semana, mais uma rodada de negociações foi realizada. “As negociações estão sendo extremamente construtivas e focadas”, afirmou um porta-voz da UE. “Continuamos trabalhando para uma fechar antes do final do ano”, completou.
Agronegócio aprova Milei
As entidades ligadas ao agronegócio na Argentina celebraram a vitória de Javier Milei à presidência do país.
A Sociedade Rural Argentina (SRA) cumprimentou o novo presidente e manifestou “vontade de trabalhar em conjunto na solução dos problemas que o país apresenta”. Em nota à imprensa, a entidade afirmou que o novo governo terá o apoio do campo, porque “agora se abre uma grande oportunidade para trabalharmos juntos para fazer uma mudança radical nas políticas atuais”. A SRA disse ainda que há anos alerta os governos sobre como a intervenção de mercado, as cotas de exportação, a distorção cambial e a alta pressão tributária fazem a produção do país ficar estagnada.
Já a Confederação Rural Argentina (CRA) afirmou, também em nota, que espera que Milei “convoque o setor produtivo para trabalhar em conjunto e traçar políticas agrícolas para o campo”. A Sociedade Rural Argentina (SRA) cumprimentou o novo presidente e manifestou “vontade de trabalhar em conjunto na solução dos problemas que o país apresenta”. Em nota à imprensa, a entidade afirmou que o novo governo terá o apoio do campo, porque “agora se abre uma grande oportunidade para trabalharmos juntos para fazer uma mudança radical nas políticas atuais”.
A SRA disse ainda que há anos alerta os governos sobre como a intervenção de mercado, as cotas de exportação, a distorção cambial e a alta pressão tributária fazem a produção do país ficar estagnada. Já a Confederação Rural Argentina (CRA) afirmou, também em nota, acreditar que Milei “convoque o setor produtivo para trabalhar em conjunto e traçar políticas agrícolas para o campo”.
Lá como no Brasil, o setor produtivo rural prefere as políticas menos intervencionistas. Agora cabe a Milei provar que suas teses são factíveis, entre elas, extinguir a inflação argentina no prazo de até dois anos. Não faltarão obstáculos, sobretudo no Congresso, onde a bancada peronista é muito estridente, mas o novo presidente necessita saber costurar apoios no Legislativo para conseguir aprovar as leis que lhe permitam mudar o panorama econômico e social da Argentina.