Por Antonio Tozzi
Homens e mulheres de negócios brasileiros se reúnem em evento para discutir caminhos para o sucesso
Muitos tentam, mas nem todos conseguem. À própria maneira, um grupo de empreendedores discutiu como eles fizeram para serem vitoriosos here, there and everywhere. Ou seja, seus empreendimentos se tornaram sucesso no Brasil, aqui nos Estados Unidos e também em outros países.
O evento que propiciou esse encontro foi batizado de 1 BRZ Talks e organizado por André Duek e Carolina Lara, nos dias 19 e 20 de janeiro em Miami. Dezenas de empresários bem-sucedidos prestigiaram o evento e puderam assistir palestras enriquecedoras e participar de uma dinâmica de grupo que propiciou uma troca de experiências produtivas.
Após a apresentação dos organizadores e declarada a abertura oficial, a série de palestras foi inaugurada com a palestra “Liderança Disruptiva” de José Salibi Neto – palestrante, consultor e mentor de gestão e inovação de diversas empresas e autor de dez livros, inclusive Liderança Disruptiva, redigido em parceria com Sandro Magaldi, que destaca as habilidades e competências transformadoras para liderar na gestão do amanhã.
O local escolhido para sediar o evento no primeiro dia foi o plantão de vendas do Waldorf Astoria Residences Miami, empreendimento imobiliário que deverá estar pronto em 2027, mas cujas vendas estão indo muito bem, por causa da chancela do icônico Waldorf Astoria Hotel de New York.
Salibi mostra os novos rumos para as empresas
Aliás, a palestra de Salibi girou exatamente em torno de seu livro “Liderança Disruptiva”, na qual compara os modelos de gestão dos anos 70 e 80 com a atualidade, onde a tecnologia cumpre um papel determinante na derrocada e/ou no crescimento das empresas. “O diferencial de hoje para com os modelos de gestão de antes é que não basta ser competente e eficiente, mas, sim, saber entender os ventos das mudanças antes dos competidores”, frisou o palestrante, que conta com aval de papas da gestão empresarial como Peter Drucker, Jim Collins, Philip Kotler, Ram Charan e William Uri.
Em sua apresentação, o palestrante cita exemplos de lideranças que podem mudar os destinos das companhias. E cita algumas empresas que souberam fazer as coisas certas, mas perderam o momento de avançar em direção à mudança que o mercado exigia. Ele citou até mesmo uma declaração de Stephen Elop, CEO da Nokia, que disse: “Não fizemos nada errado, mas perdemos”.
Na avaliação de Salibi, as empresas morrem porque fazem bem as mesmas coisas por muito tempo. Ou seja, esta fórmula funcionava há 40 ou 50 anos, mas hoje a rapidez da tecnologia torna tudo obsoleto em muito pouco tempo. Assim, o segredo é acompanhar esta velocidade para vencer a obsolescência e ficar à frente dos concorrentes.
Um tipo de liderança muito valorizado por Salibi é a do líder conector. O exemplo mais significativo, na opinião dele, talvez seja Steve Jobs. Ele soube, como poucos, conectar ideias para se chegar a um resultado fenomenal.
Empresas de gabarito como Kodak, Xerox, Sony e Motorola chegaram às descobertas tecnológicas antes da Apple, porém coube à Apple criar o IPhone ao juntar a fotografia digital criada pela Kodak, a criação do telefone celular pela Motorola, a inclusão de música em um sistema portátil no walkman da Sony e a capacidade reprodução em alta qualidade descoberta pela Xerox. Enquanto estas empresas lutam para se manter representativas, a Apple chegou ao topo com um conceito novo que poderia ter sido desenvolvido por elas.
No segmento de líder experiencial, a referência é Gordon Moore, o fundador da Intel, enquanto líderes algoritmícos de destaque citados são Jeff Bezos, da Amazon, Jackie Ma, da Ali Baba, e Frederico Trajano, da Magazine Luiza. “Eles souberam integrar os dados e fazer com que estes dados trabalhassem para eles”, observou o consultor.
Outros tipos de lideranças exaltadas são os líderes ambidestros (que sabem atuar nas duas frentes), colaboradores e comunicadores. “Antes, o conceito de poder se concentrava em formar conglomerados, atuando em várias frentes. Hoje, isto mudou. As empresas precisam se concentrar no seu core business e estarem atentas às reações dos mercados e dos consumidores”, enfatizou Salibi. Como exemplo obsoleto, ele citou a GE, outrora a maior corporação mundial, que se desviou de seu propósito para atuar em outras áreas que nada tinham a ver com sua expertise e pagou um alto preço por esta perda de foco.
Outro fator importante é a comunicação interna. O caso mais eloquente possivelmente seja o da Sony – a empresa japonesa tinha todos os recursos para sair na frente dos concorrentes, mas a falta de comunicação entre os diferentes departamentos propiciou o crescimento dos outros. Depois de perder a liderança em termos de inovação, fica difícil alcançar o competidor.
Para resumir com exatidão o que se espera do líder atual, pode-se recorrer à frase proferida por Elon Musk, outro líder inovador de nossos dias: “O vencedor não é o primeiro que se mexe, mas, sim, é aquele que aprende primeiro”.
Quem sou eu, para discordar de Elon Musk ou de José Salibi Neto. A não ser um daqueles que aplaudiram a apresentação deste guru em gestão de negócios!
Paulo Vieira, o guru da inteligência emocional
Conhecido como “Pai da Inteligência Emocional” no Brasil, Paulo Vieira é coach e influencer e aficcionado por conteúdo. Entretanto, ele admite que conteúdo não tem serventia se as empresas não souberem se comunicar bem.
Ele frisou também que a verdade é relativa dentro deste ecossistema plural que vivemos atualmente. Citou como exemplo o conflito entre Israel e Hamas, onde a verdade depende de quem seja o porta-voz e a quem é destinada a mensagem.
No ecossistema plural, o correto é ter as pessoas certas nos lugares certos e deter o conhecimento necessário para se obter o sucesso empresarial. No livro Auto-responsabilidade, Vieira observou que pessoas empreendedoras e pessoas com inteligência emocional têm capacidade de se conectar com a emoção certa na intensidade certa.
A inteligência emocional define o melhor e o pior de cada pessoa. “É preciso ser melhor em todas as versões”, frisa Vieira. Portanto, se não o resultado não for alcançado, provavelmente isto seja reflexo de uma gestão ruim. No aspecto de liderança, “a empresa somente cresce quando contrata, detém e aprimora as melhores pessoas. Isto se chama gestão com visão”, afirma o palestrante.
Para ele, o bom gestor implanta e mensura numericamente uma variedade de técnicas, ferramentas e métodos para cumprir os objetivos propostos. Dessa forma, é necessário ter uma mentalidade empresarial vendedora. Vieira afirma que grandes empreendedores não nasceram diferentes, ele apenas decidiram ser diferentes. “O segredo é ter uma mentalidade empreendedora vencedora”, reforça o influencer.
Apesar de ser arauto da inteligência emocional, Vieira faz questão de declarar que é mesmo um homem de negócios. Para isto, ele batiza a mudança de atitude empresarial de Jogo de Gente Grande, cujo objetivo é mudar o mundo. “Fazer o básico é mentalidade perdedora”, determina o coach de negócios.
Os que participam do Jogo de Gente Grande têm visão ousada, metas desafiadoras, usam ferramentas e métodos poderosos, tomam decisões difíceis, montam um time vencedor, possuem alta performance empresarial e não fogem das decisões difíceis nos momentos cruciais. “Os que ficam na zona de conforto tendem a fracassar, porque a mediocridade é a maior armadilha de quem busca criar”, alerta Vieira.
Ele também descreve quais devem ser as três obsessões do empresário de sucesso: 1) não ter lucro na empresa é uma abominação, caso não esteja dando resultado, repasse a companhia e lucro real tem de ser modelo do negócio; 2) exija o extraordinário e arranque o “wow” do cliente; e 3) pratique uma gestão de classe mundial.
Ou seja, na visão de Paulo Vieira, o empresário bem-sucedido é aquele que busca incessantemente o lucro, valoriza os melhores funcionários e está constantemente se atualizando com a evolução do mercado.