Por Nanda C.
Relatório do Vaticano Reafirma Compromisso com a Proteção de Menores e Transparência
Na última terça-feira (28), o Vaticano divulgou seu primeiro relatório oficial sobre a proteção de menores na Igreja, destacando a necessidade de agilizar o afastamento de sacerdotes acusados de abuso sexual e oferecer mais suporte às vítimas. Esse documento, desenvolvido pela Pontifícia Comissão para Tutela dos Menores – instituição criada pelo Papa Francisco em 2014 – compromete-se com a publicação anual de dados sobre o tema, sinalizando um passo importante em direção à transparência.
Baseado em consultas com líderes religiosos e membros da Igreja em várias regiões, o relatório destaca que o acesso “à verdade” é fundamental para as vítimas, defendendo medidas que garantam informações sobre as responsabilidades e circunstâncias dos casos. A comissão sugere a criação de uma ouvidoria e a uniformização do conceito de “vulnerabilidade”, além de indicar que as vítimas tenham o direito de saber o paradeiro de seus agressores, para evitar encontros traumáticos em ambientes como missas e paróquias.
Outro aspecto relevante abordado no relatório é a diversidade cultural na proteção infantil. Em regiões da África, por exemplo, a conscientização sobre o tema é relativamente recente, enquanto no México, barreiras culturais dificultam as denúncias de abuso e o acesso à justiça.
O Histórico da Crise e as Iniciativas de Francisco
Por décadas, a Igreja Católica enfrenta críticas intensas devido a escândalos de abuso sexual envolvendo padres, com consequências financeiras e danos à credibilidade institucional. Desde 2013, o Papa Francisco tem implementado políticas como o fim do sigilo pontifício e a obrigatoriedade de denunciar suspeitas de agressão. No entanto, grupos de vítimas pedem mais ação, incluindo a adoção de uma política global de “tolerância zero” e a publicação de informações sobre casos julgados. A ONG Bishop Accountability, por exemplo, argumenta que a responsabilidade começa com a transparência, criticando a hesitação do Vaticano em adotar uma postura totalmente aberta.
Com a publicação deste relatório, a Igreja sinaliza uma nova fase de responsabilidade e apoio às vítimas, embora as demandas por mais ações continuem fortes.