Por Nanda Cattani
A atriz brasileira Fernanda Torres desponta como uma das principais favoritas ao Oscar de Melhor Atriz por sua atuação em Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles. Inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, o filme tem conquistado aplausos emocionados e destaque em festivais internacionais, consolidando-se como uma das produções mais impactantes da temporada.
Aclamada pelo The New York Times, que a colocou entre as favoritas, a performance de Torres reacende uma conexão histórica com o Oscar e o legado de sua mãe, Fernanda Montenegro, indicada ao prêmio há 26 anos, em 1999, por sua atuação em Central do Brasil. Naquela ocasião, Montenegro perdeu o prêmio para Gwyneth Paltrow, por sua interpretação em Shakespeare in Love. Agora, Torres carrega as esperanças de que o Brasil finalmente conquiste a tão sonhada estatueta de Melhor Atriz.
A Grandeza de Walter Salles
Walter Salles é um dos diretores brasileiros mais respeitados no cenário global. Conhecido por sua sensibilidade ao explorar narrativas humanas, ele já havia levado o cinema brasileiro ao reconhecimento internacional com Central do Brasil, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1999 e responsável pela indicação histórica de Fernanda Montenegro. Com obras como Diários de Motocicleta e Abril Despedaçado, Salles consolidou sua reputação como um contador de histórias que transcendem fronteiras culturais.
Em Ainda Estou Aqui, Salles retoma sua abordagem característica ao mesclar o íntimo e o coletivo, criando uma narrativa que é, ao mesmo tempo, um retrato humano e um testemunho político.
A História de Ainda Estou Aqui
O filme é baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, que narra os horrores vividos por sua família durante a ditadura militar brasileira. A trama foca em Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro em diferentes momentos da vida da personagem, e seu marido Rubens Paiva, vivido por Selton Mello. Rubens, um engenheiro e político, foi torturado e morto pelo regime militar, deixando sua esposa e filhos marcados pela violência e opressão.
A narrativa explora o luto, a força e a resiliência de Eunice enquanto ela tenta reconstruir sua vida e proteger sua família em um contexto de repressão política. Sem ser panfletário, o filme utiliza a história da família Paiva para refletir sobre a dimensão humana e as consequências das atrocidades de regimes autoritários.
A Atuação de Fernanda Torres
Fernanda Torres entrega uma performance que já é considerada um marco em sua carreira. Sua interpretação de Eunice captura as nuances de uma mulher dividida entre a dor da perda e a necessidade de seguir em frente. Dividindo o papel com sua mãe, Fernanda Montenegro, Torres transita entre a fragilidade emocional e a força interior da personagem, criando uma atuação que é ao mesmo tempo visceral e profundamente comovente.
A química entre Torres e Montenegro em momentos diferentes da narrativa é um dos grandes destaques do filme, representando uma passagem de legado tanto na trama quanto na vida real.
Sobre o filme e as Expectativas para o Oscar de 2025
Desde sua estreia no Festival de Veneza, onde foi aplaudido de pé por vários minutos, Ainda Estou Aqui tem sido ovacionado em festivais internacionais, incluindo o Festival de Toronto. Críticos elogiaram a sensibilidade da direção de Salles, a narrativa emocionante e as atuações memoráveis. O filme já é considerado um forte candidato em várias categorias da temporada de premiações.
Com aclamação global e uma história de peso, Ainda Estou Aqui é uma das grandes apostas para o Oscar de 2025. A atuação de Fernanda Torres, em especial, tem gerado grande expectativa, colocando-a como uma das favoritas na categoria de Melhor Atriz. Além disso, o filme também tem chances em categorias como Melhor Filme Internacional e Melhor Direção.
A possível indicação de Fernanda Torres ao Oscar por Ainda Estou Aqui não é apenas um reconhecimento ao seu talento extraordinário, mas também um símbolo da força do cinema brasileiro em contar histórias profundamente humanas e universais. Sob a direção de Walter Salles, um dos maiores nomes do cinema global, o filme se consolida como uma obra-prima que combina memória, emoção e relevância política.
Mais do que uma conquista pessoal, essa indicação representaria a continuidade de um legado artístico que conecta gerações. Fernanda Torres não apenas carrega em si a herança de Fernanda Montenegro, indicada há 26 anos, mas também dá voz às narrativas de mulheres como Eunice Paiva, que lutaram com coragem em momentos de extrema adversidade. É um testemunho do poder do cinema em iluminar o passado, provocar reflexões no presente e projetar esperança para o futuro.
No dia 17 de Janeiro saberemos quem serão os indicacos ao Oscar 2025. E, caso a indicação se concretize — e quem sabe a vitória —, será um momento de celebração para todos que acreditam na arte como uma ponte entre culturas e como uma força transformadora. Fernanda Torres, com sua atuação visceral e inesquecível, reafirma que as histórias que nos unem são maiores do que qualquer fronteira. E, com isso, Ainda Estou Aqui se torna mais do que um filme: torna-se um marco no coração do cinema mundial.