Por Nanda Cattani
Joe Biden, encerrando sua trajetória como presidente dos Estados Unidos, escolheu Wilmington, Delaware, sua cidade natal e base política, para fazer um discurso de despedida que mistura um tom de alerta com reflexões sobre os últimos anos. Em 15 de janeiro de 2025, diante de uma plateia de aliados e apoiadores, ele falou sobre o futuro da democracia americana, os desafios enfrentados durante sua gestão e as preocupações com o rumo do país.
Ao ouvir o discurso, fica claro que Biden buscou dar ênfase a temas caros aos democratas, como o fortalecimento das instituições democráticas e a regulação de grandes corporações, especialmente no setor tecnológico. Ele alertou sobre o que chamou de “formação de uma oligarquia”, mencionando a concentração de riqueza e poder como um risco para a democracia e para a igualdade de oportunidades. Como alguém que acompanha política há décadas, é impossível ignorar que essa preocupação ressoa com parte da população, mas também soa como um argumento para justificar as dificuldades econômicas de sua administração.
Biden não fugiu de temas sensíveis, reconhecendo que os americanos enfrentaram inflação persistente e aumento no custo de vida durante seu governo. Ele destacou conquistas como os investimentos em infraestrutura e as medidas para reduzir o preço de medicamentos, mas para muitos, esses avanços foram ofuscados por uma sensação de insegurança econômica. É aqui que republicanos encontraram terreno fértil para críticas: gastos governamentais elevados, aumento da dívida nacional e uma política energética que, segundo eles, desestimulou a produção doméstica.
Outro ponto que chamou atenção foi sua defesa de mudanças estruturais, como a limitação de mandatos na Suprema Corte e maior transparência no financiamento de campanhas políticas. Essas propostas, embora populares entre progressistas, são vistas com ceticismo por conservadores, que as interpretam como tentativas de interferir na independência de instituições fundamentais.
No entanto, mesmo com os desafios, Biden encerrou com uma mensagem que deve ressoar entre aqueles que acreditam na transição pacífica de poder. Ele desejou sucesso à administração que está por vir e reforçou a importância de os americanos permanecerem vigilantes na defesa da democracia. Como alguém que já assistiu a muitos discursos de despedida presidenciais, esse certamente não foi um momento de exaltação, mas sim um convite à reflexão sobre o futuro do país.
Ao final, Biden deixa um legado que será debatido por muito tempo. Para alguns, será lembrado como o presidente que trouxe de volta um tom de empatia à Casa Branca. Para outros, como alguém que enfrentou desafios econômicos e sociais sem conseguir resolvê-los plenamente. O que fica claro é que a política americana seguirá sendo palco de intensos debates, e os próximos capítulos dirão como sua gestão será lembrada.