Por Gabriela Streb
Já que o assunto que mais falamos nos últimos meses é Coronavírus, achei legal escrever sobre o livro: “A fabulosa história do hospital da Idade Média aos dias de hoje[1]”.
Tem uma passagem curiosa, que descreve como ocorreu a disseminação da peste bubônica, também chamada de peste negra. Conta o livro, que os tártaros da Horda Dourada, em 1936, decidiram sitiar o Porto de Caffa – entreposto comercial genovês na Crimeia, às margens do Mar Negro.
O bacilo de Yersin era transmitido pelas pulgas dos ratos negros, que acompanhavam as tropas mongóis. Naquela cidade sitiada, logo houve a contaminação dos sitiados e dos sitiantes, que já estavam na companhia do bacilo nas suas jornadas.
Os tártaros tiveram a ideia de jogar os corpos de seus companheiros contaminados sobre os muros da cidade sitiada, para infectar toda a população. E deu certo. Seja como for, acabaram por inventar a primeira guerra biológica.
Tal contaminação se alastrou, pois, um navio genovese conseguiu fugir e, com ele, levou vários ratos negros. A cada parada que incluiu Messina, Gênova e, por final, Marselha (França), deixando ou pegando mercadoria, ratos ficavam e novos embarcavam.
Aí eu e, certamente, você, perguntamos: “e os gatos, onde andavam, para terminar com os ratos?” Estamos na Idade Média e, para os gatos europeus, não foi um bom período. Em 1937, em Marselha, não tinha mais gatos, porque uma ordem papal determinou que os gatos, em especial os pretos, eram servos do diabo.
Quem tinha um gato, na época, corria o risco de ser acusado de feitiçaria. Assim, a Inquisição logo se encarregou de combater todas as formas de bruxaria e satanismo, o que incluía a morte dos gatos. E, assim, a contaminação e os ratos correram soltos por toda a Europa e devem ter vivido felizes para sempre.
[1] A fabulosa história do Hospital da Idade Média aos dias de hoje. 3ª Edição. Editora LPB. Autor: Jean-Noël Fabiani
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The first biological war
By Gabriela Streb
advgabrielastreb@gmail.com
Since the most talked about subject in the last few months is Coronavirus, I thought it was cool to write about the book: “The fabulous history of the hospital from the Middle Ages to the present day.”
It has a curious passage, which describes how the bubonic plague, also called the black epidemic, spread. The book tells us that the Golden Horde Tatars in 1936 decided to lay siege to the Port of Caffa – a Genoese trading post in Crimea, on the shores of the Black Sea.
Yersin’sFleas transmitted Yersin’s bacillus from black rats, which accompanied Mongol troops. In that besieged city, there was soon contamination of the besieged and the besiegers, who were already in the bacillus company on their journeys.
The Tatars had the idea of throwing the bodies of their contaminated companions on the besieged city walls to infect the entire population. And it worked. In any case, they ended up inventing the first biological war.
Such contamination spread because a Genoese ship managed to escape and took several black rats with it. At each stop that included Messina, Genoa, and, finally, Marseille (France), leaving or picking up merchandise, rats stayed, and new ones boarded.
Then I, and indeed you, asked: “What about cats, where were they, to end the rats?” We are in the Middle Ages, and, for European cats, it was not a reasonable period. In 1937, in Marseille, he had no more cats, because a papal order determined that cats, especially black ones, were servants of the devil.
Whoever had a cat at the time was at risk of being accused of witchcraft. Thus, the Inquisition soon took charge of combating all forms of witchcraft and Satanism, which included cats’ death. And so the contamination and the rats ran wild across Europe and must have lived happily ever after.
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