Por Gabriela Streb
Sempre gostei de aeroportos. Quando criança torcia em ir à Porto Alegre e passar um avião sobre minha cabeça descendo na pista do Aeroporto Salgado Filho. Sonhava quando eu teria a oportunidade de estar dentro de uma aeronave.
Demorou bastante pois na época viajar de avião era sinônimo de riqueza e isso passava bem longe lá de casa.
Com o emprego veio também a possibilidade de ter um cartão de crédito e a oportunidade, além de se endividar, de viajar.
Desconheço quem não lembre da sua primeira viagem ou ida num aeroporto. Então, estes são, em regra geral, sinônimo de felicidade.
Não há necessidade de estar indo viajar, basta a visita num deles. São muitas emoções juntas, principalmente quando 威而鋼
se observa as pessoas que estão pelo embarque ou desembarque. Famílias se reencontram. Namorados se beijam. Filhos que chegam de longe. Amigos que não se viam. Tem aquela turma que traz balões, faixas e flores. Tem aqueles discretos que chegam e saem de fininho em meio à multidão. Aqueles que ficam com plaquinhas esperando o seu passageiro. Isso na chegada. Na partida praticamente a mesma emoção só que contrária.
Lágrimas de muitos por estar indo a outro lugar seja por longo tempo, seja curto. Não há pessoas infelizes. Com raras exceções de momentos melancólicos. A tristeza por ali é mera sutileza, quase imperceptível. Em geral pessoas que chegam ou partem porque perderam algum ente querido.
Até confusões viram histórias para se contar no futuro. “Minha mala desapareceu. Minha reserva caiu.”
A sensação é que somos felizes em aeroportos e não tem nada a ver com voar. Tem a ver com o local. Pessoas que se vestem estranhas cuja esquisitice acaba sendo pouco notada. Chinelos que combinam com blusão de lã. Mochilas e cabelos descompassados que são estilosos, porque afinal viajar é mais ou menos a sensação de ser livre.