É importante esclarecer desde o início que o Alcorão, o livro sagrado do Islã, não aborda diretamente a questão da Palestina como uma entidade geopolítica, nem menciona o termo “Palestina”. No entanto, o Alcorão contém várias passagens sobre os povos que habitaram regiões que hoje fazem parte do Oriente Médio, incluindo o povo judeu.
O Povo Judeu no Alcorão
O Alcorão faz várias referências ao povo judeu, muitas vezes chamados de “Filhos de Israel” (Bani Isra’il). Essas referências muitas vezes estão ligadas às narrativas dos profetas do Judaísmo, como Moisés (Musa), Abraão (Ibrahim) e Davi (Dawood), que são igualmente reverenciados no Islã. Os judeus são reconhecidos como “Ahl al-Kitab” ou “Povo do Livro”, um termo que se refere às pessoas que seguem as escrituras anteriores ao Alcorão, incluindo a Torá.
O Alcorão e as Terras
Quando se trata da terra ou território, o Alcorão não delimita fronteiras geopolíticas, como a que hoje separa Israel e Palestina. Ele fala mais amplamente sobre a terra como um espaço abençoado por Deus para todos os Seus servos. No entanto, existem referências à terra de “Canaã”, que é geralmente considerada pelos historiadores como uma antiga região no Oriente Médio que incluía partes do moderno Israel, Palestina, Líbano e Síria.
Neutralidade e Perspectiva Divina
Embora o Alcorão descreva várias histórias que envolvem o povo judeu, o texto é fundamentalmente teológico e não político. O objetivo principal é fornecer orientações espirituais e éticas para os muçulmanos. Portanto, a interpretação dessas passagens para formar argumentos em disputas políticas modernas é muitas vezes vista como inadequada ou descontextualizada.
O Contexto Histórico
Muitos séculos após a revelação do Alcorão, o Islã e o Judaísmo encontraram-se lado a lado em várias regiões e épocas, desde a Espanha islâmica até o Império Otomano. Nesses contextos, a coexistência foi muitas vezes pacífica e marcada por trocas culturais e intelectuais significativas
O Alcorão contém várias referências ao povo judeu, muitas vezes identificados como os “Filhos de Israel” ou “Bani Isra’il” em árabe. Embora o termo “Terra Prometida” como tal não seja explicitamente mencionado no Alcorão, há passagens que falam sobre terras que Deus concedeu ou prometeu a certos povos, incluindo os Filhos de Israel.
Por exemplo, a Surata Al-Ma’idah (A Mesa Servida), no versículo 20-21, menciona Moisés (Musa em árabe) falando para os Filhos de Israel:
“Ó povo meu, entrais na terra santa que Deus vos destinou e não vos volvais, convertendo-vos em fracassados, retornando.”
Este versículo é frequentemente interpretado como uma referência à terra que foi prometida aos Filhos de Israel, embora a localização específica não seja explicitada.
Além disso, a Surata Al-Isra (A Viagem Noturna), também conhecida como Surata Bani Isra’il, começa com uma referência à viagem noturna do Profeta Muhammad de Meca a Jerusalém. A cidade de Jerusalém é significativa para judeus, cristãos e muçulmanos, embora não seja nomeada diretamente no Alcorão.
O Contexto Histórico
Os palestinos são predominantemente árabes e a região que hoje compreende Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza foi por muitos séculos parte do Império Otomano. Após o colapso do Império Otomano após a Primeira Guerra Mundial, a região foi colocada sob mandato britânico. O mandato viu movimentos migratórios significativos de judeus para a região e tensões crescentes entre as comunidades judaicas e árabes.
A Criação de Israel
A criação do Estado de Israel em 1948 após a aprovação da resolução da partilha da ONU foi seguida por uma guerra entre o novo estado e seus vizinhos árabes.
O Alcorão e o Conflito Moderno
Afirmar que o Alcorão justifica o terrorismo é uma distorção do que esta escrito. O Islã como religião não promove o terrorismo ou a violência contra inocentes; tais atos são, na verdade, condenados por amplas faixas da liderança muçulmana. Usar o texto para justificar ações violentas é uma distorção de seus princípios fundamentais.