Por Claudia Zogheib
Quarta idade é a classificação etária de quem passou dos 80 anos, e entre todas as mudanças que existem ao longo da vida, esta fase tem uma dimensão existencial que modifica a própria relação do indivíduo com o tempo, gerando mudanças em sua relação com o mundo e com sua própria história.
Vivenciar esta fase é também conviver com mudanças corporais, podendo em algum instante estar diante de perdas inevitáveis, mas mesmo assim convivendo e desfrutando de tudo o que a vida ainda lhe proporciona.
Pesquisas recentes mostram que já existem 125 milhões de homens e mulheres em todo o mundo que ultrapassaram as oito décadas. No Brasil, é a parcela da população que mais cresce.
Trata-se de uma fase da vida cercada de muita ambivalência no que diz respeito as questões emocionais, que as vezes é sentida como se a pessoa não pudesse desfrutar e projetar desejos ao futuro.
Sabemos que ao longo do tempo, e as modificações sentidas pelo corpo, nos faz estar diante da constatação sem volta de que ao longo do tempo estamos sempre vivenciando uma sequência de lutos, e o que podemos concluir, é que precisamos nos preparar para a quarta idade desde muito cedo.
Cada um envelhece de maneira singular, e considerar esta singularidade, é tão fundamental quanto conceber que o idoso deve aproveitar o seu futuro de forma única.
Não podemos identificar a fase em questão de forma a nos privarmos de uma vida ativa. Muito pelo contrário, nesta fase também devemos ter desejos, sonhos, e da forma possível, correr atrás deles: tratar a realidade e os desejos como sonhos a serem alcançados.
O sentimento de desamparo equivale a um momento em que frente a uma necessidade nos angustiamos. E nesta fase, a única forma de lidar com o desamparo, é continuar desejando, reinventando-se, tentando alcançar aquilo que identificamos como importante para a nossa própria sobrevivência, em qualquer idade.
Não podemos ficar sentados esperando o 樂威壯
fim. Ao contrário, devemos seguir conectados à pulsão de vida, que engloba todos os impulsos e comportamentos que motivam a nossa sobrevivência e que contribuem para a sensação de bem-estar e desejo de vida longa.
Arthur Schopenhauer, filósofo alemão, tem um pensamento que retrata bem como devemos viver a vida, e com o passar dos anos, torna-se um verdadeiro patrimônio para vivenciarmos o momento presente de forma intensa: “…Ninguém viveu no passado, ninguém viverá no futuro; o presente é a forma de toda a vida, mas também sua posse mais segura, e que jamais lhe pode ser arrebatada. O presente sempre existe, junto com seu conteúdo.”
Em tempo, este foi escrito ao som da música “Aqui e Agora” de Gilberto Gil.