Por Claudia Zogheib
O Dia Mundial da Conscientização do Autismo, 02 de abril, foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007, com o propósito de difundir informações e enfrentar preconceito犀利士
s e estigmas que existem em relação às pessoas com autismo.
O autismo é um transtorno no desenvolvimento neurológico da criança que gera alterações na comunicação, dificuldade (ou ausência) de interação social e mudanças no comportamento, sendo geralmente identificado entre os 12 e 24 meses de idade. É chamado de Espectro Autista porque cada pessoa afetada apresenta uma ampla variedade de sinais e sintomas, com diferentes níveis de gravidade. Entretanto, em todos os casos há dois impactos presentes que formam a chamada díade do autismo: comunicação social e comportamento repetitivo ou restrito.
O transtorno não possui causas totalmente conhecidas, porém há evidências de que haja predisposição genética para ele. Outros reportam o suposto papel de infecções durante a gravidez e fatores ambientais como poluição, abuso de álcool e drogas.
O autismo não é considerado uma doença pelo fato de não existir uma cura, o que também faz com que ele não seja considerado uma doença mental. Ao contrário, o autismo é um transtorno ou uma condição, e pessoas com autismo devem ter seu lugar em nossa sociedade, inseridas em sua comunidade, respeitando sempre seus limites e possibilidades.
A psicanálise leva em conta a relação do autista com seus objetos e com seus interesses específicos: a linguagem e o pensar em imagens, além de extrair das inúmeras formas de apresentação clínica o que há de constante na estrutura autística.
Melanie Klein, foi uma importante psicanalista que pensou na clínica com autistas. Ela usou como ferramenta de atuação a técnica do brincar, afirmando que é através do brincar que a criança expressa suas fantasias e expõe seus conteúdos para o analista. Após publicar o artigo “Caso Dick 1930”, sua clínica supõe um saber que suporta sua teoria, e a partir de alguns elementos que ela destaca importante: o interesse por alguns brinquedos que suas intervenções passam a operar, necessitando que haja alguma coisa, talvez um lugar, qualquer coisa, que faça com que isto possa ser revivido e experenciado.
O acolhimento, a espontaneidade e a criatividade do psicanalista para entrar no campo psíquico do paciente são intervenções, destacando que as interpretações de gestos pouco representativos ou automatizados, possivelmente viabilizam a elaboração das angústias que inibem as funções do ego, tais como o processo de fantasiar a realidade e promover a inscrição no simbólico. O lugar do analista situa-se na estruturação do paciente, investindo no laço social que possibilita a entrada do autista no discurso.
É importante levar em conta a relação familiar para que todos tenham um lugar de escuta e acolhimento. Quanto mais precoce for o diagnóstico, melhores serão os resultados do tratamento.
Segundo dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe hoje um caso de autismo para cada 110 pessoas. O Brasil possui cerca de 4 milhões de autistas.
Buscar conhecimento sobre o assunto, ter uma perspectiva inclusiva, é um importante começo para lidarmos com o autismo. Aliado a isto, a busca de estratégias de interação e desenvolvimento deve ser alvo constante de uma sociedade inclusiva.
Em tempo, este texto foi escrito ao som da música “Amor até o fim” de Gilberto Gil.
2 Comentários
Claudia, esse assunto, complexo para o leigo, vc conseguiu, mesmo que de longe, explicar. Conheço alguns casos em vários graus(se posso chamar assim). Uns até imperceptíveis outros mais profundos. Pouco posso comentar à respeito por ignorancia.
Obrigada!!