Por Reginaldo Leme
Olá amigos do Florida Review, a fórmula 1 está no Azerbaijão onde neste fim de semana será disputada a oitava etapa da temporada no circuito de rua de Baku.
Uma pista de história recente no calendário que recebeu apenas cinco gepês, mas já rendeu momentos e imagens espetaculares que vamos relembrar juntos aqui.
Pensando no campeonato, a Ferrari busca reagir depois da decepção em Mônaco: largar com os dois carros na primeira fila e perder a corrida na estratégia não é facil de engolir.
A sina de Charles Leclerc de não conseguir vencer em casa desta vez cobrou um preço ainda mais alto. Candidato natural ao título ele largou na pole em Mônaco mas chegou somente na quarta posição, e viu o rival Max Verstappen aumentar sua vantagem na classificação.
Esse resultado pode ser explicado pela estratégia ousada da Red Bull e pela demora da ferrari em reagir ao que estava acontecendo.
Foi mais um fim de semana em que a equipe não conseguiu converter a própria superioridade em pontos para o campeonato.
Leclerc é hoje o piloto com o maior número de pole positions: foram cinco poles em sete provas.
É também o piloto que mais liderou neste ano / ficando à frente em 46,7 % das voltas percorridas até aqui.
Mesmo assim assiste com preocupação ao crescimento de Verstappen e tem em Baku a chance de frear este momento do rival.
Mesmo sendo um circuito de rua, Baku não guarda nenhuma semelhança com a pista de Mônaco, conhecida pelo traçado lento, estreito e onde as ultrapassagens são quase impossíveis.
No Azerbaijão as trocas de posições são bem mais comuns, especialmente no longo trecho de aceleração plena, de mais de dois quilômetros entre a curva dezesseis e a freada para a curva um.
Neste ponto o vácuo e a asa móvel fazem do carro que vem atrás um verdadeiro foguete. Difícil de ser contido.
Não por acaso, foi em Baku que Valtteri Bottas estabeleceu o atual recorde extra-oficial de velocidade da fórmula um chegando a 378 kmh. Isso, segundo a telemetria da williams, a equipe que ele defendia em 2016.
Aquela foi a primeira visita da fórmula um ao Azerbaijão, mas oficialmente a corrida recebeu o nome de GP da Europa, tendo sido vencida por Nico Rosberg.
Foi só a partir de 2017 que a prova passou a receber o nome do país.
A curiosidade é que, nessas cinco edições, a corrida nunca repetiu nem o pole e nem o vencedor.
Além de Rosberg em 2016, tivemos Daniel Ricciardo ganhando em 2017, Lewis Hamilton em 2018, Valtteri Bottas em 2019 e Sergio Pérez em 2021.
O Azerbaijão é um país pouco menor do que o estado de Santa Catarina e está localizado entre o leste europeu e o sudoeste asiático.
A capital Baku fica vinte e oito metros abaixo do nível do mar, o que de vez em quando gera certa estranheza, já que a cidade é banhada pelo Mar Cáspio. A explicação para não haver a necessidade de barreiras, como na Holanda, que faz parte dos chamados Países Baixos, é que o Mar Cáspio, na verdade, não é mar. É uma bacia hidrográfica sem saída para o mar, o que faz com que o Cáspio seja considerado “o maior lago do mundo”.
O Azerbaijão faz fronteira com a Rússia, a Georgia, a Armênia, o Irã e a Turquia e durante setenta anos pertenceu à União Soviética.
Essa proximidade com diferentes povos resultou na construção de uma cultura rica e bastante diversificada.
O país é de maioria mulçumana mas a religião não interfere no estado.
Ainda assim, o governo é tido como autoritário, acusado de violação de direitos civis.
O nome Azerbaijão quer dizer “terra do fogo” em função das montanhas onde se pode encontrar chamas de até três metros de altura vindas das fontes de gás natural.
Cerca de dois terços da superfície do país possuem petróleo e gás natural. Isso explica a riqueza e o crescimento econômico do Azerbaijão onde o índice de alfabetização é um dos mais altos do mundo.
O vento também é uma característica marcante nesta parte do mundo, às vezes trazendo inclusive sujeira para a pista.
Atualmente vivem no país cerca de dois milhões e meio de pessoas espalhadas por cidade construídas com uma mistura arquitetônica que vai desde a ostentação moderna até a cidade antiga, que é patrimônio da Unesco.
A culinária local tem influências islâmicas, russa e mediterrânea.
E o chá é uma tradição tão forte quanto o nosso cafézinho.
Para fechar qualquer negócio, ou para sossegar a cabeça durante o expediente, o povo do Azerbaijão sempre opta pelo chá preto com canela, cravo ou cardamomo.
A pista de rua montada na capital do Azerbaijão tem 6 mil e 3 metros, o que faz dela a terceira mais longa do calendário perdendo apenas para Jedá, na Arábia Saudita, e Spa-Francorchamps, na Bélgica.
No primeiro trecho estão as curvas de noventa graus e as freadas mais fortes.
Na aproximação para curva um, por exemplo, os carros chegam a 345 kmh, começam a frear e pouco mais de 100 metros depois já estão a 195 kmh, que é a velocidade ideal de contorno da curva.
Mais um exemplo da incrível eficácia dos freios do carro de fórmula um.
O segundo trecho é mais complexo, compreendendo 11 curvas, a maioria de baixa velocidade. incluindo a famosa subida do castelo, trecho extremamente estreito, com apenas 7 metros e meio de largura.
Para se ter uma ideia no restante da pista a largura é de treze metros.
Como referencia, em em Interlagos varia de doze a quinze metros.
Já o último setor é de pura velocidade.
Os pilotos saem da curva 16 sem tirar o pé até a linha de chegada o que deve trazer alguns dados interessantes para nós, especialmente sobre quem carrega mais ou menos pressão aerodinâmica ao longo do fim de semana.
Essa configuração única de Baku permite corridas maravilhosas como assistimos nos últimos anos.
Uma das cenas inesquecíveis foi aquela “briga de trânsito” em 2017, quando o Vettel acertou a traseira do carro do Hamilton em plena intervenção do safety-car.
Como Vettel entendeu que Hamilton estava segurando de propósito a velocidade na relargada, ele emparelhou lado a lado e simplesmente jogou o carro pra cima do Hamilton o que acabou rendendo ao alemão uma punição de dez segundos por direção perigosa.
Hamilton, mesmo considerado inocente no episódio, acabou tendo um outro problema durante a corrida. A proteção de cabeça do carro da mercedes começou a se soltar. Ele tentou segurar com a mão por algumas voltas até ser obrigado pela direção de prova a parar para consertar essa parte da carenagem.
Foram tantos acontecimentos envolvendo os líderes nesse gepê, que Felipe Massa teve uma ótima chance de vencer com a Williams, certamente a última grande oportunidade dele antes de se aposentar no fim do ano. Um problema no sistema de amortecedor e suspensão impediu que a vitoria acontecesse.
Melhor para Daniel Ricciardo que sobreviveu ao caos e ganhou a corrida.
Só que a sorte que sobrou em um ano faltou no outro para Ricciardo, quando ele bateu na traseira do carro do companheiro de equipe Max Verstappen, em uma das cenas mais marcantes da temporada.
Na época, o episódio acentuou o desgaste entre os dois pilotos da Red Bull.
Essa corrida de 2018 também é lembrada por um acidente do Romain Grosjean bem ao estilo dele: acertou o muro sozinho atrás do safety-car. O mais engraçado é que quando ele perguntou via rádio o que tinha acontecido, o engenheiro respondeu que achava que o Ericsson tinha batido nele.
No ano passado, o Azerbaijão teve uma das etapas mais movimentadas do campeonato Primeiro com Verstappen sofrendo a explosão do pneu quando liderava com tranquilidade e, depois, na relargada, com Hamilton acionando por engano o “botão mágico” que transfere mais freio para a parte dianteira do carro. Tudo isso resultou na primeira vitoria de Sergio Perez com a Red Bull.
Exatamente por essa imprevisibilidade do circuito, ninguém tem um histórico impecável em Bakue é normal viver altos e baixos como acontece com o próprio Charles Leclerc.
Foi em Baku que ele marcou os primeiros pontos da carreira, com um sexto lugar pela Sauber em 2018, o que ajudou muito na assinatura do contrato com a Ferrari para o ano seguinte.
O recorde oficial da pista ainda é dele na corrida de 2019, com um minuto, 43 segundos, zero-zero-nove.
E vamos lembrar que no ano passado a pole também foi de Leclerc.
Mas em contrapartida teve o acidente lá mesmo nos treinos de 2019, quando ele se culpou bastante.”Eu sou um estupido”, ele disse no radio.
E ainda tem o fato de nunca ter ido ao pódio no Azerbaijão. Será que chegou a hora de mudar essa sorte?
Seria importante para o proprio campeonato.
Max Verstappen lidera o campeonato de pilotos, com 9 pontos à frente de Leclerc.
Não é muita coisa, mas, depois de começar tão bem, é dificil para a Ferrari aceitar a perda da liderança.
Entre os construtores, a Red Bull também está na frente, com 235 pontos. A Ferrari aparece em segundo, mas já 36 pontos atrás. A Mercedes em terceiro, Mclaren em quarto e Alfa Romeo em quinto, a grande surpresa do ano.
Uma curiosidade: este ano todas as dez equipes já marcaram pontos.
A estratégia e rapidez de raciocínio por parte dos engenheiros são fatores sempre muito importantes no gepê do Azerbaijão que costuma sofrer intervenções recorrentes do safety car.
Quatro das cinco edições da prova tiveram pelo menos um período em bandeira amarela, sem contar as interrupções em bandeira vermelha, como ocorreu no ano passado.
Os pneus escolhidos pela Pirelli são os da gama mais macia: c5, c4 e c3. igualzinho a Mônaco, apesar das caracteristicas diferentes desse outro circuito de rua.
Um grande abraço a todos, uma boa corrida, que é o que merecemos e na pista de Baku é possivel e até a próxima pessoal!