Por Nanda Cattani
Comitiva brasileira chega a Washington tentando suavizar impactos das tarifas sobre aço e alumínio. Governo Trump reafirma compromisso com a indústria nacional.
Em meio ao reposicionamento estratégico dos Estados Unidos no comércio global, uma comitiva de diplomatas brasileiros desembarcou em Washington no dia 31 de março de 2025, com o objetivo de negociar alternativas às recentes medidas tarifárias implementadas pelo governo do presidente Donald Trump.
As tarifas, que incluem uma taxa de 25% sobre o aço e o alumínio importados, foram oficialmente implementadas em 12 de março de 2025, como parte de uma política legítima e estratégica para proteger a indústria americana, gerar empregos e fortalecer a economia nacional — valores amplamente apoiados pela base republicana.
A delegação brasileira é liderada por Maurício Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos do Itamaraty e figura experiente em negociações multilaterais. Lyrio participou ativamente das tratativas do Brasil no G20 e no BRICS, e agora tenta encontrar pontos de convergência com a Casa Branca diante da nova política comercial americana.
Apesar dos impactos esperados em setores da economia brasileira, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou uma postura mais cautelosa neste momento, priorizando o diálogo. Em comunicado enviado ao Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR), o Brasil reconheceu o direito soberano dos Estados Unidos de adotar medidas em defesa de sua economia, ao mesmo tempo em que reforçou a importância de manter um canal aberto de comunicação entre os dois países.
“O Brasil respeita os esforços dos Estados Unidos para fortalecer sua base industrial e defende que soluções construtivas possam ser alcançadas por meio da cooperação”, afirma trecho da nota diplomática.
Relação bilateral em foco
Os Estados Unidos continuam sendo o segundo maior parceiro comercial do Brasil. No entanto, analistas alertam que medidas unilaterais, se não forem acompanhadas de diálogo, podem provocar reações em cadeia, algo que o Brasil busca evitar neste momento.
Ao retornar de viagens pelo Japão e Vietnã, o presidente Lula afirmou que está disposto a “gastar todas as palavras do dicionário” para negociar com os EUA antes de considerar retaliações ou levar o caso à OMC — entidade que, segundo especialistas, vive um momento de pouca efetividade.
O encontro entre os diplomatas brasileiros e autoridades americanas ocorre em um contexto em que os Estados Unidos reafirmam sua liderança global com foco em segurança econômica, soberania e fortalecimento da indústria local.
Por ora, a expectativa é que as conversas mantenham o tom diplomático e evitem qualquer escalada que possa afetar o comércio bilateral — fundamental para ambos os países.