Claudia Zogheib
O amor não se vê com os olhos,
mas com o coração.
W. Shakespeare
O amor é um tema abrangente, difícil de traduzir em palavras e que ao mesmo tempo deixa a sensação que ainda se tem muito a dizer sobre.
Por conta do amor as pessoas esperam, desistem, sofrem, desejam, sentem medo… e solidão.
Enquanto elas tentam compreender conexões significativas que exprimem o verdadeiro amor, traduzem em sua constituição a verdadeira marca enquanto voracidade e dilemas inusitados das relações verdadeiras que antes de tudo prezam a sinceridade e sua melhor condução diante dos próprios sentimentos.
Se é difícil estabelecer o que é necessário para duas pessoas viverem uma relação verdadeiramente de amor, observar como elas se movimentam em relação às conquistas acabam por demonstrar quais são as verdadeiras intenções que encontram correspondência no mundo interno de cada um, determinando sua forma intrínseca de ser no mundo.
O amor pelo outro é antes de tudo um espelho narcísico que reflete a abundância ou mesmo a falta que encontra ou não dentro de si, e que enquanto se propõe a percorrer o caminho do autoconhecimento acaba por encontrar sinais para entender do que se trata amar alguém constituído pelo desejo e que faz referência de como estamos em relação a nós mesmos e ao outro a quem se diz amar.
Para amar é necessário sair de si e encontrar alegria em fazer o outro feliz sabendo que nem tudo vai sair próspero, mas desejante de algo verdadeiro que dê frutos para ambos a ponto de se respeitarem em suas individualidades. Ao mesmo tempo, a solidão que o sozinho encontra no desejo de posse, controle e possessividade acorrenta e diz respeito a um equívoco enquanto desejo de amor.
Neste sentido, entender a si mesmo antes de estar com o outro possibilita que ao se dirigir para este encontro se entenda as próprias neuroses que em alguns casos, encontra neste desejo uma apreciação de completude diante da falta e não no desejo do outro.
A solidão é inerente à condição humana e quando colocamos no outro a incumbência de reparação da falta, estaremos aí adentrando outro campo de frustração que nenhum amor dará conta de suprir, mas que aprendendo a lidar com a falta talvez se consiga ver o outro como ele realmente é, amando sem necessidade de mudar nada.
Compreender estas nuances é o que possibilita abertura para trocas verdadeiras e significativas, sendo o resto relações equivocadas e imagens distorcidas de si: posse, desamor, doença e outras coisas mais. O amor é um encontro cheio de humanidade, uma escolha contínua diante de si e do outro.
Música “Ainda Bem” com Marisa Monte.
Imagem do Acervo @auguri_humanamente