Claudia Zogheib
O conflito humano em diversas perspectivas não apenas se defronta com ideias contrarias, mas enfrenta a interdição entre pulsão de vida e morte se caracterizando simultaneamente no sentido destrutivo enquanto enfrenta as consequências de suas próprias ações.
A guerra é uma solução cruel que não reconhece nem o ferido, nem a diferença entre o núcleo combatente e a população, machucando e violando o direito de propriedade de todos. Derruba tudo o que vê pela frente sem mirar no futuro, assim como numa possibilidade de paz entre os homens, desfazendo laços de solidariedade que ameaçam deixar para trás uma exasperação que impossibilita o reatamento de qualquer diálogo.
Discutir o porquê da guerra faz parte de uma interlocução antiga entre intelectuais, que enquanto acompanham a hostilidade entre homens, sua discussão política pretende entender a origem do pensamento e da destrutividade humana que nos coloca diante de uma solução que só pode nascer da subjetividade como agente transformador enquanto condição humana.
É insano pensar na quantidade de mortes e o quanto nos identificamos com o sofrimento de todos ao mesmo tempo que nos sentimos impotentes.
A guerra como efeito do nosso excesso de confiança em uma parte cindida da nossa mente não é capaz de considerar o mal como efeito da destrutividade presente na produção de conflitos, e estando neste funcionamento, acabamos por não considerar que seus efeitos sempre retornam, sendo difícil de ser eliminada das pessoas enquanto elas não se escutam e não se descobrem.
Nossa dimensão pulsional só é detida à medida que nossa capacidade de simbolização encontra eco naquilo que desejamos, sendo o mundo interno o grande norteador para apontar quais atitudes vamos dar vazão, assim como diante de uma real possibilidade em fazer escolhas que considerem o outro.
Estamos no penúltimo capítulo de uma série de acontecimentos que se estendem a tantos anos, ainda sem saber qual será o último capítulo, sedentos para que os mediadores consigam encontrar uma via de diálogo possível, sabendo que a paz não se constrói a partir dos mesmos pensamentos e ideologias, mas a partir de um desejo de encontrar caminhos possíveis para todos num corredor humanitário.
Música, “Canto Della Terra” com Andrea Bocelli e Sarah Brightman