Por Gabriela Streb
Acordei hoje pensando ser o ano de 2030. Então, estou com 62 anos. Dez anos mais velha do que em 2020. Sigo vivendo. O mundo não mudou muito em dez anos. Os carros continuam sem asas. Celular no pulso não é tão espantoso e ainda não criaram uma máquina tele transportadora para qualquer parte do mundo. Não estamos viajando a Marte ainda. Encontrei a Luiza, neta do Fredy e da Claude, que está com 16 anos. Ela estava com o irmão, Guilherme, 12 anos, e a prima Iara, dez anos.
O tempo voou e todos, em 2020, eram crianças. A Iara nasceu em 2020. Falei que o tempo passou muito rápido e ela estava muito linda. Daí ela comentou: “Lembra que, em 2020, teve a tal pandemia do COVID? Naquela época, todos nós éramos muito crianças e não entendíamos o porquê precisávamos ficar em isolamento. Não ir à escola, não encontrar amigos. Até meu aniversário foi comemorado de forma diferente. Fizeram uma carreata e, todos que passavam, buzinavam para mim.”
Lembro sim, Luíza. Tempos estranhos. Foi um ano muito ruim. Muitas pessoas faleceram, tivemos muitas perdas. A economia retraiu e demorou até tudo se reajustar. Tivemos que descobrir como trabalhar em casa, usar máscara. Usar álcool gel em tudo e, em qualquer lugar que entrávamos, mediam nossa temperatura. Até data das eleições teve que ser mudada. Nem vacina existia. Tinha discussão sobre usar medicamentos, tais como a hidroxicloronaquina e a tal invermectina.
Muita gente que conheço se contaminou. Várias pessoas se curaram, mas tivemos muitas mortes. Hoje, que bom saber que já temos vacina e o COVID passou a ser mais uma gripe, em que, todos os anos, a população precisa se imunizar. Espero que logo seja erradicada, tipo a Poliomielite.
Acho que a geração que passou pelo COVID, talvez possa ser comparada àquela que sobreviveu à gripe espanhola. Claro que com suas diferenças, em termos de tecnologia, profissionais de saúde e medicamentos, incomparáveis aos dias de hoje.
Somos sobreviventes daquele fatídico ano de 2020. Tenho verdadeira mania de pensar de como eu vou estar no futuro. Este pensamento, em geral, vem quando viro o ano. Sempre fico me questionando: “Como e onde eu devo estar no dia 31 de dezembro do próximo ano?”
Desta vez, veio como uma década. Não como questionamento de como eu deva estar, mas de desejos prósperos e otimistas a todos nós, que ainda estamos em 2020.
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The year 2030
By Gabriela Streb
advgabrielastreb@gmail.com
I woke up today thinking it was 2030. So I’m 62 years old. Ten years older than in 2020. I’m still living. The world hasn’t changed much in ten years. The cars remain wingless. Cell phones on the wrist are not so unique, and they have not yet created a teleporter machine for any part of the world. We are not traveling to Mars previously. I found Luiza, granddaughter of Fredy and Claude, who is 16 years old. She was with her brother, Guilherme, 12, and cousin Iara, 10.
Time flew by, and everyone in 2020 was a child. Iara was born in 2020. I said that time passed very quickly and she was lovely. Then she commented: “Remember that, in 2020, there was this pandemic of COVID? At that time, we were all very children and did not understand why we needed to be isolated. Don’t go to school, don’t make friends. Even my birthday was celebrated differently. They made a motorcade and, everyone who passed honked at me.”
I do remember, Luiza. Strange times. It was a terrible year. Many people died; we had many losses. The economy retracted, and it took until everything readjusted. We had to find out how to work at home, wear a mask. Use alcohol gel on everything, and, wherever we went in, they took our temperature. Until the date of the elections, it had to be changed. There was no vaccine.
There was discussion using medications, such as hydroxychloroquine and such ivermectin.
Many people I know, have become infected. Several people were cured, but we had many deaths. Today, it’s good to see that we already have a vaccine, and COVID has become another flu, in which, every year, the population needs to be immunized. I hope it will soon be eradicated, like Polio.
The generation that passed through COVID perhaps can be compared to the generation that survived the Spanish flu. Of course, their differences in terms of technology, health professionals, and medicines are unparalleled today.
We are survivors of that fateful year 2020. I have a real habit of thinking about how I will be in the future. This thought, in general, comes when I turn the year. I keep asking myself, “How and where should I be on December 31 of next year?”
This time, it came as a decade, not as a question of how I should be, but of prosperous and optimistic wishes to all of us, who are still in 2020.
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