Por Victor Demarré
Nos últimos anos, tenho acompanhado de perto uma tendência que se fortalece cada vez mais: o número crescente de brasileiros que chegam aos Estados Unidos através do visto de estudante. Mais do que uma busca por formação acadêmica de qualidade, o que tenho visto é o uso da educação internacional como uma estratégia legítima de entrada e permanência no país.
Segundo o relatório Open Doors 2024, o Brasil já ocupa a 9ª posição entre os países que mais enviam estudantes aos EUA. No último ano, foram mais de 16 mil brasileiros matriculados em universidades e colleges americanos — número que ultrapassa os 40 mil se incluirmos estudantes em escolas de inglês, ensino médio e programas extracurriculares.
E por que isso importa? Porque, na prática, muitos desses estudantes estão iniciando, através da educação, um caminho imigratório consistente e estruturado. O visto F-1, por exemplo, permite a extensão dos estudos, o acesso ao OPT (Optional Practical Training) e, em alguns casos, pode levar à transição para visto de trabalho (H-1B), transferência internacional (L-1) ou até Green Card por mérito profissional (EB-2 NIW) ou investimento (EB-5, hoje também conhecido como o “Golden Card”).
Conversando com famílias e profissionais da área, percebo uma demanda crescente por consultoria especializada. Muitos pais me procuram com a intenção de investir na formação dos filhos, mas também de construir uma base nos EUA para toda a família. Pais com dupla cidadania, por exemplo, têm considerado o visto E-2 (caso tenham passaporte de países com tratado com os EUA, como a Itália), enquanto outros analisam o EB-5 como uma forma de garantir estabilidade e futuro para seus filhos enquanto estudam aqui.
Além disso, empresas e agentes educacionais têm se especializado em oferecer soluções completas: da matrícula à emissão do visto, incluindo relocation, housing e adaptação cultural. Tudo isso mostra como a educação deixou de ser apenas um objetivo isolado — ela se tornou uma estratégia de imigração consciente e planejada.
Mas também deixo um alerta: o visto de estudante é uma via legítima, porém exige foco real nos estudos, comprovação financeira e laços com o Brasil. Desvios de finalidade ou permanência irregular podem prejudicar processos futuros de residência ou cidadania.
No meu escritório, vejo isso acontecer todos os dias. Jovens que chegaram para fazer um college e hoje estão prestes a receber o Green Card por mérito. Famílias que investiram com estratégia e hoje vivem legalmente nos EUA. A educação, para muitos, é o início de um novo capítulo — e, ao que tudo indica, essa será uma das principais rotas da imigração brasileira nos próximos anos.
📌 Se você está pensando em estudar nos Estados Unidos e quer transformar isso em um projeto de vida, a hora de se planejar é agora.
Nos vemos na próxima edição da coluna!
Victor Demarré – Business developer da Kravitz&Guerra e colunista do Flórida Review