Por Naomi Tominaga
A indústria da música atingiu seu nível mais elevado de competição, onde as opções para os ouvintes parecem infinitas. Muitos artistas acreditam que apenas produzir boa música será suficiente para atingir o público desejado, mas a realidade é outra. Em uma indústria saturada, com milhões de lançamentos diários, novos artistas e novas plataformas de streaming, o marketing se tornou tão essencial quanto a própria criação artística.
A base de uma boa estratégia de marketing está em conhecer profundamente o público-alvo. Não basta entender dados demográficos: é preciso captar as preferências musicais, comportamentos de consumo, analisar bem os dados e, acima de tudo, identificar o que toca emocionalmente o público. Esse entendimento é o alicerce de uma conexão genuína, e sem esse esforço de expor o artista ao mundo para que as pessoas possam conhecê-lo e se conectar com ele, o talento pode acabar perdido em meio a tantos outros que já fazem o trabalho de se promover nas redes sociais.
Um exemplo claro da importância do marketing digital é o caso de Benson Boone. Inicialmente, Boone participou do American Idol, mas logo percebeu que, se queria realmente crescer como artista, precisaria fazer mais do que simplesmente focar na qualidade de sua música. Ele entendeu que, para ser ouvido em meio a um mercado competitivo, era fundamental se fazer presente nas redes sociais e construir sua marca pessoal.
Ao deixar o American Idol, Boone mergulhou de cabeça no TikTok, criando conteúdo que se conectasse diretamente com seu público. Ele sabia que a plataforma era a chave para se destacar e começou a postar vídeos regularmente, cantando, interagindo e trabalhando no seu posicionamento de marca. Benson dedicou tempo a criar conteúdo que ressoasse com as pessoas, gerando engajamento orgânico e construindo uma base de fãs sólida. Como consequência desse trabalho, em dezembro de 2023, ele postou um vídeo no TikTok fazendo lip-sync com um teaser de sua música, e o áudio rapidamente se tornou viral. Em janeiro do ano seguinte, a música dominou as paradas globais, passando seis semanas consecutivas no Top 10 da Billboard Hot 100. Esse sucesso só foi possível porque Boone não apenas criou música de qualidade, mas entendeu o poder de se conectar com o público e alavancar o TikTok como uma plataforma de crescimento. Ele fez com que o público se sentisse parte de sua jornada e, assim, construiu sua carreira de forma independente e autêntica, com uma base de fãs que mais tarde ajudou na viralidade de outros lançamentos.
Outra estratégia que não pode ser subestimada no marketing musical é o poder de desenvolver estratégias de superlocalização. Para se conectar com o público, não basta utilizar abordagens genéricas, especialmente no caso de artistas internacionais. Conectar-se com o público significa adaptar a mensagem para cada país e, às vezes, até para cada cidade. Durante a estratégia de penetração de J Balvin no mercado brasileiro, ele já havia utilizado uma tática personalizada ao criar um número de WhatsApp para manter uma comunicação direta e individual com seus fãs. Esse contato mais pessoal funciona como uma excelente estratégia de retenção de base de fãs. Através desse canal, sua equipe de marketing selecionou gírias brasileiras e memes populares, como o “Calma, Calabreso”, que estava em alta durante o BBB 2024. Balvin gravou um vídeo usando a expressão e o enviou pelo WhatsApp para os fãs, criando uma conexão autêntica com o público, que se sentiu valorizado e reconhecido. Essa estratégia resultou em uma repercussão positiva, sendo divulgada por grandes veículos de comunicação no Brasil, como o Gshow, por exemplo. Isso demonstra o poder de estratégias bem pensadas em termos de conteúdo e superlocalização para expandir a presença de um artista em mercados específicos.
Para mim, o marketing na música não é apenas uma ferramenta comercial, mas uma extensão natural da própria arte. Quando uma conexão verdadeira é estabelecida com o público, a música não apenas se vende, mas cria uma comunidade de fãs engajados e apaixonados. E é essa troca entre artista e audiência que torna todo o processo tão significativo.
Em suma, as estratégias de marketing na música são tão diversas quanto os próprios gêneros musicais. No entanto, todas elas compartilham um princípio essencial: a conexão. A habilidade de construir relacionamentos profundos com o público, entender suas necessidades e se comunicar de forma autêntica é o que, de fato, faz a diferença. Em um mundo onde a música está a um clique de distância, a verdadeira magia acontece quando arte e marketing se unem para contar uma história que ressoa e permanece com as pessoas, criando não só sucessos, mas carreiras duradouras.