Por Antonio Tozzi
George Santos é um brasileiro de Niterói que se elegeu como deputado federal por um distrito de New York. O que seria motivo de orgulho para sua família e, por extensão, para a comunidade brasileira se transformou em uma ópera bufa.
O brasileiro naturalizado americano se elegeu com base em informações em seu currículo, que investigações compravaram ser falsas. Ele foi o sexto membro do Congresso Nacional expulso durante os mais de 200 anos de funcionamento deste órgão do Legislativo. Expulsão consumada no primeiro dia de dezembro.
Ele foi indiciado pelo Comitê de Ética da Casa depois de uma investigação que apontou ele ter cometido 23 crimes de fraude e conspiração, por supostamente ter roubado identidades de doadores e usar seus cartões de crédito para desviar milhares de dólares não autorizados. Entre as muitas alegações, o painel o acusou de gastar o dinheiro da campanha em tratamentos de Botox, dívidas de cartão de crédito e até OnlyFans – uma plataforma em que os usuários pagam por conteúdo, inclusive pornografia.
Além disso, dados colocados em seu currículo foram sendo desmentidos no decorrer da investigação: sua hereditariedade judaica, sua atuação de destaque em Wall Street, carreira acadêmica distinguida, participação em grupos de resgate de animais, defensor de causas LGBT, proeminente corretor do mercado imobiliário e por aí vai.
Apesar das acusações serem sérias, sua expulsão não se justifica. Em artigo escrito para o site The Atlantic, Adam Serwer enfatiza que o George Santos foi expulso antes de ser julgado, ou seja, lhe foi tirado o direito de defesa. O próprio autor admite que jamais teria votado em Santos, mas reafirmou que houve precipitação em ter sido punido sem antes ter sido julgado. Segundo ele, houve uma desconsideração para com os eleitores que o colocaram no Congresso, mesmo que sua participação tenha sido embaraçosa. Mas, como lembra Serwer, este é o ônus da democracia. Eleitores cometem erros.
Mas, caros leitores, não pensem que George Santos ficará na rua da amargura. Ele mesmo deixou o recinto vociferando “To hell with this place”! E ele se tornou uma celebridade instantânea. Tanto que tem vendido seus vídeos por $200 na plataforma Cameo. Ele se autodenomina “ex-congressista ‘Ícone‘” na plataforma, e está vendendo mensagens personalizadas gravadas por ele. Segundo os especialistas, ele está competindo com muitos famosos e aumentando significativamente o número de seguidores, e lucrando com isso.
Não está descartada a possibilidade dele escrever um livro e ainda vender os direitos para a produção de um filme ou uma série de TV narrando suas redes de mentiras e dissimulações. Como se vê, nem sempre o crime não compensa. Até porque qualquer um vai querer saber mais sobre essa figura controvertida.