Por Gabriela Streb
Em meio a tantos escândalos envolvendo o primeiro-ministro britânico que resultaram na sua renúncia fiquei pensando como deveriam ser as audiências das segundas com a Rainha Elizabeth. Ela, que tem minha total admiração e não emite opiniões na vida dos outros, diante deste senhor de cabelos desalinhados e ainda envolvido nessas balbúrdias.
Talvez se trate de exagero de conservadorismo, mas tem sua razão de ser. Respeitam e representam a hierarquia daquele poder e país.
A própria soberana quando vai ao Parlamento precisa, pelo rito imposto, bater à porta do Congresso, ser anunciada e pedir permissão para entrar. Esta é a hierarquia ali imposta.
Tempos atrás eu e a Ana Claudia, minha colega, estivemos no Fórum Central de São Paulo. Queríamos falar com a magistrada e na porta de seu gabinete que ficava direto no corredor, havia o cartaz: entre sem bater. Na minha cabeça é simplesmente impossível adentrar sem bater e prosseguir falando. O hábito me fez quebrar aquela regra pois no meu trabalho, na minha sala, também espero isso. Fomos surpreendidas com a frase da magistrada que só recebe advogados que estão em trajes forenses. Não me achei mal vestida para a situação, mas confesso que estava de rasteira e calça jeans.
Na ocasião, abriu uma exceção, quase que nos dando um pito pela nossa falta de atenção. 犀利士
Pensei com meus botões: bater à porta não precisa, mas terninho e salto alto é indispensável. Fazer o que, é tipo ser visita na casa dos outros, a gente se adapta a casa e não a casa se adapta a gente. Questão de hierarquia também chamada, nesta situação, de boa educação.