Por Reginaldo Leme
Olá, amigos da Florida Review.
Quando não é a Ferrari, é o piloto que entrega uma vitória de mão beijada ao rival. A batida de Leclerc na décima-oitava volta do gepê da França, quando liderava a corrida, e a consequente vitória de Verstappen fez a vantagem do líder do campeonato saltar de 38 para 63 pontos.
Agora a fórmula 1 chega à Hungria para o último gepê antes da parada de férias de um mês até o gepê da Bélgica no final de agosto.
Hungaroring é uma pista travada e a corrida costuma ser disputada sob a temperatura mais elevada do campeonato, mas …. Quando chove, as corridas ficam sempre muito divertidas.Uma das cidades mais bonitas da Europa, Budapeste, que é resultado de uma fusão de três cidades – Óbuda, Buda e Peste – desde que a Hungria se tornou um governo autônomo do império austro-húngaro, é a sexta mais visitada do continente, e um dos vinte maiores destinos turísticos do mundo.
Óbuda ficou esquecida no tempo. Hoje só se considera Buda e Peste interligadas por oito pontes que cortam o Danúbio, o segundo rio mais longo da Europa, depois do Volga, na Rússia. O Danúbio tem mais de dois mil e oitocentos km de extensão, desde a sua nascente na floresta negra alemã até desaguar no Mar Negro, na Romênia.
A imponência de Budapeste tem muito a ver com essas pontes e a mais antiga delas tem menos de 200 anos, concluída em 1849. Conhecida como Ponte das Correntes, suas torres de sustentação recebem uma iluminação especial, que é responsável pelo dito popular que considera Budapeste como “a Paris do Leste”.
A cidade de Budapeste tem menos de dois milhões de habitantes, mas considerando-se toda a área metropolitana, ultrapassa os três milhões.
É ainda a única capital no mundo que possui águas termais. A cidade conta com aproximadamente 125 nascentes que produzem 70 milhões de litros de água termal por dia, com temperaturas sempre acima dos 40 graus, e até o máximo de 58 graus. Existem as termas públicas, sempre visitadas por muita gente e vários hotéis de luxo, principalmente os mais antigos, fazem de suas próprias termas uma eficiente atração para clientes.
A Hungria toda tem mais de 1.500 spas, incluindo o segundo maior lago termal do mundo, o Héviz, que tem 38 metros de profundidade, mas é o primeiro onde se pode nadar porque no maior de todos, o Frying Pan, na Nova Zelândia, a água é quente demais para nadar.
Fazendo fronteira com sete países – Eslováquia, Ucrânia, Romênia, Sérvia, Croácia, Eslovênia e Áustria – os húngaros não têm um litoral para chamar de seu. Mas tem um que não é beeeem um mar, porque é de água doce, mas que é o maior lago da Europa, chamado Balaton, mas apelidado carinhosamente pelos locais de “mar húngaro”.
Aconselhado por um amigo húngaro, eu já estive lá. Local de hotéis agradáveis, muita gente passeando no verão, bares e restaurantes, tudo com cara de praia. Mas ele é mais conhecido pelos locais dos banhos medicinais de água tão densa que as pessoas precisam fazer força para afundar. A água é escura, o cheiro de enxofre não é agradável, mas você se sente muito bem depois de algum tempo por ali.
A Hungria é um país de riquíssima história, terra que deu ao mundo nada menos do que 13 vencedores do prêmio Nobel, além de invenções curiosas, e extremamente importantes para a humanidade, como a caneta esferográfica, a lâmpada elétrica de criptônio, o cubo de Rubik e o primeiro helicóptero funcional.
E a fórmula 1 como vai?
Para a Red Bull cada vez melhor.
Mas para a Ferrari …
Quando parece que a disputa entre Verstappen e Leclerc vai esquentar, algo acontece.
Em imola, Leclerc deu uma rodada quando lutava com Perez pelo segundo lugar.
Na Espanha, motor estourado quando liderava a corrida.
Em Mônaco, uma trapalhada estratégica da Ferrari tirou Leclerc da ponta e o deixou em quarto lugar.
No Azerbaijão, mais uma vez na liderança, e o motor foi para o espaço.
No Canadá, o problema foi ele ter que trocar componentes do motor e largar na ultima fila, ainda chegou em quinto.
Na Inglaterra deu Ferrari, mas com Sainz, e o clima ficou ruim porque Leclerc se sentiu prejudicado na estratégia.
Agora na França, quando tinha um carro superior e só aumentava a vantagem, escapou da pista sozinho, bateu e viu Verstappen abrir mais 25 pontos na tabela do campeonato.
Leclerc é o que tem mais poles: sete no total contra três de Verstappen. Na contagem das vitórias, é o inverso: sete a três para o holandês. Pode se dizer que Leclerc deixou de marcar 92 pontos entre erros de pilotagem, quebras ou falhas estratégicas. considerando-se que Verstappen também foi obrigado a abandonar duas das três primeiras, o normal seria os dois estarem com pontuações bem parecidas.
A batida na França foi a que leclerc mais sentiu. Como ele mesmo disse, “quem comete esse tipo de erro, não merece ser campeão”.
O circuito de Hungaroring mede 4.381 metros e tem 14 curvas, uma reta que não é das mais longas e raros pontos de ultrapassagem. Não poderia ser diferente. Na média, o circuito tem uma curva a cada 313 metros. Imagine um circuito permanente, feito para corridas, mas com os carros usando uma configuração semelhante à que se usa nas ruas de Mônaco.
Mesmo sendo uma das corridas mais quentes da temporada, às vezes a chuva dá as caras, mesmo que seja por pouco tempo.
Foi assim no ano passado: a chuva caiu pouco antes do início da corrida e a primeira largada foi aquela confusão com as batidas de Bottas, Norris, Perez, Verstappen, Leclerc e Stroll. Veio a bandeira vermelha e uma cena inusitada. Lewis Hamilton largando sozinho na pista, ainda de pneus intermediários, enquanto todos os outros foram para os boxes já trocando pneus para pista seca.
Este ano a previsão é de chuva no sábado. Ch威而鋼
ance grande, de 80 por cento. Até que seria bom para embaralhar as cartas na classificação e deixar um grid bem misturado. No domingo, pode até chover leve de manha, mas o sol volta a brilhar na hora da corrida.
Não é tão raro a Hungria ter um vencedor surpresa. A historia registra vários casos. Jenson Burton venceu seu primeiro grande prêmio em 2006, e esta foi também a única vitória da Honda em sua segunda fase na fórmula 1. Na primeira, que foi nos anos 60, ela havia ganhado duas vezes, uma com John Surtees e outra com Richie Ginther.
Dois anos depois, em 2008, a Hungria assistiu à única vitória do finlandês Heikki Kovalainen, então correndo pela McLaren. Em 2015, Sebastian venceu em seu primeiro ano fora da Red Bull e ainda se adaptando à Ferrari e no ano passado, uma inesperada vitória do francês Esteban Ocon, a primeira da equipe Renault com o nome de Alpine.
O Brasil tem uma história curiosa no gepê da Hungria. As três primeiras edições foram vencidas por brasileiros: as duas primeiras com Piquet, em 1986 e 1987, e com Senna em 1988.
Senna voltou a vencer em 91 e 92. Em 2002 foi a vez de Rubinho Barrichello e em 2008 Massa estava a três voltas de uma vitória tranquila quando estourou o motor da Ferrari. Isso acabaria sendo determinante na decisão do título, que ele perdeu por um ponto para Lewis Hamilton na última corrida do ano em Interlagos.
Outro momento importante para o Brasil foi de muita tensão: em 2009 Felipe Massa foi atingido por uma mola que se soltou do carro de Barrichello durante a classificação. Desacordado, Massa foi bater violentamente na barreira de pneus. Ficou alguns dias em coma no hospital de Budapeste, onde fez uma primeira cirurgia e, depois, veio fazer uma segunda no Brasil. Este acidente quase acabou com a carreira dele, mas a Ferrari o confirmou para o ano seguinte, dispensando Kimi Raikkonen.
Foi também em Hungaroring que Barrichello, já correndo pela Williams, fez uma extraordinária ultrapassagem sobre Michael Schumacher, que estava na Mercedes: o alemão espremeu Rubinho no muro em plena reta dos boxes, e por milagre não aconteceu um acidente a 300 km/h.
Esta será a trigésima-sétima edição de um grande prêmio que entrou no calendário em 1986, quando o país ainda fazia parte da chamada cortina de ferro, formada pelos países comunistas dominados pela então União Soviética e, desde então, nunca deixou de ser disputado.
Lewis Hamilton é quem mais venceu na Hungria – oito vezes. Ninguém tem mais de oito vitorias em um mesmo circuito. Michael Schumacher venceu quatro vezes e Ayrton Senna, três.
Nelson Piquet, Damon Hill, Jacques Villeneuve, Mika Hakkinen, Jenson Burton e Sebastian Vettel venceram duas vezes cada.
Campeonato de pilotos
Max Verstappen lidera com a confortável vantagem de 63 pontos sobre Charles Leclerc: 233 a 170.O piloto da Ferrari se manteve na vice-liderança, mas volta a ser ameaçado por Sérgio Perez, apenas sete pontos atrás.
Campeonato de construtores
A vantagem da Red Bull na tabela dos construtores também é folgada: 82 pontos sobre a Ferrari. O placar? 396 pontos contra 314.
Depois da Hungria, vêm as férias de verão da fórmula 1, que dura três semanas. Na quarta o pessoal já volta a trabalhar para a corrida da Bélgica dia 28 de agosto. Vamos sentir falta? Vamos, mas, principalmente os mecânicos, merecem um descanso.
Como último adendo, a notícia divulgada por ele mesmo de que Sebastian Vettel irá se aposentar ao final desta temporada, pondo fim a uma carreira mais do que vitoriosa na F1.
Na segunda-feira, temos o Batendo Roda com Rubinho Barrichello, às 18 horas no meu Instagram @regileme. Vamos falar também da corrida dele de Stock Car em Interlagos.
Então, meus amigos, como sempre fica aqui o meu muito obrigado.
Valeu, gente! Tchau!