Por Editorial
É com imensa alegria que compartilhamos a extraordinária notícia de um feito inédito na Austrália: o nascimento de Henry Bryant, fruto de um útero transplantado, marca não apenas uma conquista singular, mas também um raio de esperança para mulheres com infertilidade uterina.
No último dia 15 de dezembro, no Royal Hospital for Women, em Sydney, Henry chegou ao mundo, pesando saudáveis 2,9 quilos. O que torna este evento ainda mais especial é o fato de sua mãe, Kirsty Bryant, residente em Coffs Harbour, ter passado por uma cirurgia de 16 horas em janeiro para receber o útero doado por sua mãe, Michelle, como parte de uma pesquisa revolucionária.
A notável surpresa veio apenas três meses após o procedimento, quando Kirsty engravidou após a transferência de um embrião para o mesmo útero onde ela própria se formara. Emocionada, ela compartilhou: “Segurar este bebê nos meus braços é a realização de um sonho.”
O procedimento, liderado pela Dra. Rebecca Deans e pelo cirurgião sueco Mats Brännström, foi um marco tanto para a medicina quanto para esta família. Dr. Deans, emocionada, relatou que Henry chegou ao mundo com um choro saudável, sem ter noção de que entrou para a história. Para ela, esse momento é o ápice de 25 anos de pesquisa colaborativa e persistência em escala global.
A jornada de Kirsty foi impulsionada por uma histerectomia de emergência em 2021, após complicações no parto de sua primeira filha, Violet. Sobre sua experiência, ela compartilha: “Após a histerectomia, eu desejava desesperadamente outro filho e sentia que não havia muitas opções para alguém na minha situação. Este último ano foi uma montanha-russa, e ter o Henry aqui, saudável, ultrapassa tudo o que eu imaginava possível.”
O Professor Brännström, responsável pelo primeiro transplante de útero bem-sucedido do mundo na Suécia, que resultou em um nascimento vivo, retornou à Austrália para o nascimento de Henry. Ele enfatiza que essa conquista oferece esperança para outras mulheres com infertilidade uterina, mostrando que é possível gerar um filho sem a necessidade de outras opções, como adoção ou gestação por substituição.
Mulheres que são candidatas a um transplante de útero incluem aquelas que nasceram sem útero ou aquelas que tiveram o útero removido cirurgicamente por razões como câncer ou complicações no parto. Os transplantes de útero têm uma duração de até cinco anos, tempo suficiente para que as mulheres tenham filhos.
O Royal Hospital for Women tem aprovação para realizar seis cirurgias de transplante de útero como parte do ensaio clínico, que está previsto para ocorrer nos próximos três anos. Desde a cirurgia de Kirsty, mais duas mulheres passaram por transplantes de útero no hospital, e uma delas está grávida.
Este momento não apenas celebra a chegada de Henry, mas também oferece um farol de esperança para muitas outras mulheres, abrindo caminho para novas possibilidades e reforçando o potencial da medicina para realizar sonhos que antes pareciam distantes.