Por Claudia Zogheib
A chegada de um bebê é sempre acompanhada de algo que não se espera. Essa surpresa, por vezes, representa um enorme susto, uma perda de rumo e um sentimento de não pertencimento.
Muitas são as críticas à visão de que o amor é inato e sobre a existência de um instinto materno, mas o que de fato se experiencia com a chegada de um bebê, que acontece por meio da adoção ou da gestação, é uma experiên犀利士
cia impactante, carregada de muita ambivalência.
A maternidade que se estabelece está cada vez mais sendo colocado à prova por conta da mulher estar cada vez mais ativa no mercado de trabalho, que por necessidade ou prazer, acontece num contexto urgente.
O conhecido ditado: “quando nasce um bebê nasce uma mãe”, não avisa que diante desta realidade morre a mulher sem filhos, e que há uma exigência de entrelaçamento entre esta e a maternidade para então nascer uma nova, que necessita de tempo e acolhimento.
É na rica vivencia entre ela e seu bebê que o aprendizado acontece para ambos, fazendo então surgir uma mulher que é capaz de dar voz às necessidades de ambos.
A mãe suficientemente boa é aquela que acolhe e que frustra seu bebê, ao mostrar nas sutilezas do cotidiano que ele não terá seus desejos totalmente atendidos imediatamente, e que é capaz de mostrar que existe um tempo de espera e um limite, assim como ela não é sua extensão. Esta dinâmica faz com que ele possa vivenciar momentos de desprazer, para que assim ele se torne um adulto que seja capaz de experenciar os limites da vida sem grandes impactos de dor, pois a vida é assim, recheada de amor e dor, cheia de limites.
Na fantasia onipotente de predição e controle, admitir que não temos um manual de uso diante daqueles a quem tentamos da melhor forma cuidar, cria tamanha frustração quando não se consegue dar conta, e desta maneira, a maternidade precisa ser atualizada num contexto de uma sociedade onde os papéis precisam ser vividos por todos.
Uma maternidade responsável deve proporcionar ao bebê um vínculo afetivo sadio, e para que isto aconteça, a presença do pai é tão fundamental quanto: seja com a mãe dos filhos, seja com os próprios filhos. Não existe outro caminho!
Em tempo, este texto foi escrito ao som da música “Aliança” de Tribalistas.