Estive doente esses dias, e como não consigo ficar muito tempo sem ter o que fazer, resolvi adiantar e fazer um trabalho da Universidade, sobre o Tabuleiro das Baianas. E descobri vários escritores, e me apaixonei por um em particular, Raul Lody, que escreveu o livro Brasil Bom de Boca, Temas da antropologia da alimentação. É um livro gostoso e fácil de ler, quanto a pesquisa descobri a força dessas mulheres, que eram as mantenedoras dos seus lares. Imagina só, veio a abolição da escravatura, mas não existia um programa para aquelas pessoas passarem do estado de escravos para empregados. Eu imagino que do dia para noite as pessoas se viram sem nada, sem trabalho, sem comida, sem casa em uma pátria distante da sua, então as mulheres que muitas tinham aprendido a fazer quitutes com as portuguesas e misturaram com a cozinha africana, e com criatividade porque os insumos eram diversos saíram vendendo em tabuleiros de madeira e nascendo assim a cozinha baiana. Aí que surgiu o nome de tabuleiro das baianas, e depois comida dos Deuses, porque as baianas muitas delas vinham de religiões africanas e trabalhavam também nos terreiros, e levavam os quitutes para oferecerem aos Orixás, ficando assim a comida baiana conhecida como comida dos Deuses. Conta a lenda, que teve um período em que as baianas não estavam vendendo muito, e ai elas foram conversar com Iansã e a Deusa falou que se elas fizessem o acarajé elas nunca iriam ficar em dificuldades. Por isso onde você achar um tabuleiro da baiana vai achar acarajé.
Os tabuleiros das Baianas ficaram tão populares, tão impressos na paisagem de algumas cidades, que em 1937 fizeram uma estação rodoviária na Av Almirante Barroso, que pelo seu formato era chamada de “tabuleiro das baianas”, e que anos depois foi desmanchada. Não se pode vir ao Rio de Janeiro e não ir à feira Hippie de Ipanema, e uma das coisas maravilhosa que tem lá, é comer um acarajé com tudo. E esse tudo é vatapá, caruru, salada. E depois uma cocada. Em cada ângulo da praça General Osorio tem uma barraca de baiana com seus tabuleiros das baianas. Tem tapioca, bolinho de estudante, cocadas, bolo de mandioca, bolo de cenoura, pudim, tem muita coisa boa. Elas são lindas, todas vestidas com saias rodadas, turbantes, brincos, pulseiras e anéis. Eu aprendi a cozinhar uma boa parte do meu repertorio de comida com uma tia por parte de pai. Tia Marlene. Se vocês quiserem passo umas receitas aqui… faço um especial…
Como está chegando junho e vem período de festa junina hoje a receita vai ser de Canjica com coco.
1 pct de canjica branca
1 vidro de leite de coco
1 pct de 50 gr de coco ralado
1 litro de leite
1 1/2 xicara de açúcar
1 pau de canela e 2 cravos
Coloque a canjica de molho por uma noite, depois colocar em uma panela com água e deixar cozinhar e como vai secando犀利士
ir acrescentando o leite de coco, o coco, o açúcar, a canela e o cravo. E vai mexendo e colocando o leite.
Até a canjica ficar bem macia, olhar o ponto do açúcar pra ver se está no gosto. Se quiser mais doce é só colocar mais açúcar.
6 Comentários
Muito bom 😃👏👏👏👏
Obrigada!!
Bem escrito! Espero que você esteja se sentindo melhor hoje. Aliás, gostei de comer na feira do praça General Osório na barraca das baianas. Este lugar faz jus ao hype, e mal posso esperar para voltar. Grandes compras e observar as pessoas também. E experimentei a canjica; ficou simplesmente delicioso! E não muito recheio, mas incrivelmente doce. Era de chorar por mais. Recomendo muito, e acreditem que voltarei lá para comer canjica!
Ei CHRIS obrigada pelo seu comentário, sim estou melhorando. Obrigada. Eu também adoro observar as pessoas na feira hype!!
Adorei descobrir como surgiu o termo “quitute dos deuses” ,matou um curiosidade enorme que habitava em mim rs.
Aaaaahhh quem passa pela feirinha de Ipanema e não para na barraca das baianas para comer um dos mais gostosos e caprichados acarajés do mundo, com toda certeza boa pessoa não é!
Ótima leitura , Parabéns.
Ei Vica parabéns pelo belo texto e porque não falar da deliciosa receita?gratidão