Por Dra. Enilde Guerra
Nos últimos anos, um novo alerta vem se destacando nas estatísticas de câncer: o aumento acelerado dos casos de câncer colorretal (CCR) em adultos com menos de 50 anos. Se ignorarmos essa mudança, até 2030, o CCR poderá ser a principal causa de morte por câncer entre adultos de 20 a 49 anos.
Um Quadro Preocupante
O CCR em adultos jovens está crescendo entre 2% a 4% ao ano há mais de duas décadas. Surpreendentemente, esse aumento é ainda mais íngreme em indivíduos com menos de 30 anos. O diagnóstico muitas vezes ocorre em estágios avançados, mesmo entre jovens mais saudáveis. Isso pode se dever tanto à falta de exames de triagem quanto à possibilidade de um comportamento biológico mais agressivo do câncer nessa faixa etária.
O Papel dos Genes
Estudos indicam que aspectos genéticos podem estar desempenhando um papel mais proeminente em casos de início precoce de CCR. Um exemplo notório é a Síndrome de Lynch. No entanto, mais pesquisas genômicas são necessárias para identificar outras contribuições genéticas específicas para casos de início precoce.
Fatores Ambientais e Estilo de Vida
Estudos também mostraram que a obesidade na adolescência e na idade adulta aumenta o risco de CCR precoce. A falta de atividade física e uma dieta rica em carne processada e bebidas açucaradas também são fatores de risco. Todos esses elementos podem influenciar o microbioma intestinal, outro provável participante na patogênese e progressão do CCR.
O Caminho a Seguir
Recomendações recentes para iniciar a triagem para CCR aos 45 anos são um passo na direção certa. No entanto, entender essa doença requer uma abordagem multifacetada que considere tanto fatores genéticos quanto de estilo de vida.
Em resumo, o CCR não é mais um câncer de “idosos”. Está afetando a população mais jovem de maneira preocupante e crescente. Para combatê-lo eficazmente, precisamos não apenas de mais pesquisa científica, mas também de maior conscientização pública. Até que compreendamos totalmente a patologia do CCR, a chave está em adotar um estilo de vida mais saudável como uma linha de defesa proativa contra essa ameaça silenciosa. Ao encarar essa questão de frente, podemos esperar mudar o curso dessa tendência alarmante e proteger as futuras gerações.