Por Claudia Zogheib
Estamos vivendo num mundo onde o excesso marca a contemporaneidade. Muitas vezes nos colocamos numa correria desmedida onde mal temos tempo de saber o que de fato queremos, e quem dirá a real necessidade de nossos desejos: estamos diante de um mal-estar contemporâneo. Corremos tanto, que mal temos tempo de digerir aquilo que consumimos e o resultado de nossas aquisições sobrepõe o que de fato necessitamos, passando a estarmos diante de vazios no sentido da plenitude, e diante deste impasse nos perguntamos: Por que será que nos comportamos assim?
日本藤素
O excesso está ligado a algo que passa da medida, tornando-se um exagero. Freud em “O Mal-estar da Civilização” analisa a forma como o ser humano renegou a vida instintual e reprimiu a espontaneidade para permitir o progresso social e cultural. Para ele, o nosso modo de vida é designado por nossas próprias vontades e escolhas dentro dos mais variados ambientes. Isso inclui o afastamento da nossa natureza instintiva, sendo talvez um dos grandes motivos para entendermos porque queremos tanto o que está fora de forma desmedida: a busca pela felicidade e o prazer, em face aos paradoxos da satisfação.
O “eu” não está na origem, ele é resultado de um processo de construção que se opera na relação com o outro: o próximo. No excesso, procuramos algo fora para compensar uma falta existencial em nós mesmos.
Não se trata de não consumir ou buscar uma realização de satisfação, trata-se de encontrar um equilíbrio no que consumimos, para estarmos conectados com a necessidade real de nossas aquisições. Obter satisfação no excesso é uma tremenda armadilha da contemporaneidade, sujeito ao modo de vida que nos priva do direito de escolher e ser quem realmente gostaríamos de ser, para estarmos a serviço da lógica construída pelos meios de consumo.
Na realidade, a real satisfação encontra êxito no olhar para dentro, e a partir desta conexão, encontrar fora tudo o que realmente necessitamos!
Em tempo, este texto foi escrito ao som da música: “Afogamento” de Gilberto Gil e Roberta de Sá.
2 Comentários
Texto maravilhoso! Fico esperando toda semana! Parabéns
Obrigada! Toda quarta tem texto novo meu!