Por Gabriela Streb
Quando criança na minha casa tinha revezamento doméstico. Minha mãe lavava a louça e eu ou meu irmão tínhamos que ajudar na tarefa de secar e guardar.
Às sextas feiras era o dia da faxina geral. A mãe trabalhava no Funrural e nós dois tínhamos a obrigação de adiantar a limpeza tirando o pó e passando aspirador nos tapetes e estofados. No horário do meio-dia ela chegava para fazer sua parte esfregando banheiro e limpando o assoalho. Depois um de nós passava a cera vermelha e lustrava. Era a melhor parte poder brincar com a enceradeira.
Reservava um dinheiro para comprar rosas vermelhas e mosquitinhos brancos numa banca próxima ao supermercado embelezando a sala de jantar que só era usada em festividades. Além de limpa, a casa deveria ficar bonita. O ritual se repetia todas as sextas.
Minhas mãos não caíram nem entortaram porque tivemos que ajudar.
Conservei meu lado doméstico e até hoje gosto dessa lida.
Ao verificar imagens das câmeras do Clube o qual sou presidente, vi que um sócio simplesmente jogou uma cadeira do nada, a ninguém especificamente. Aquelas imagens não tinham áudio então não dava para perceber por que alguém num pequeno grupo, no meio de uma conversa amistosa, se levanta, pega uma cadeira e a joga no vazio.
Não quebrou a cadeira, não machucou ninguém, nada de mais aconteceu. Apenas a atitude que não tem explicação.
Vendo aquilo perguntei se na sua casa ele fazia a mesma coisa. Afinal a gente traz ao nosso convívio social a conduta que temos habitualmente. Respondeu que sim. Eis meu espanto.
Lembrei dos meus pais, do que aprendi e da forma como eles iriam tratar tal assunto. Nunca tomei uma surra ou palmada, mas com certeza haveria uma conversa de cantinho.