Por Gabriela Streb
O mundo virtual me trouxe preocupações que eu não tinha. Penso que poucas pessoas estão preocupadas com isso. O Brasil tem a Lei Geral de Proteção a Dados, que busca a proteção a tais informações. Ninguém se preocupa muito com isso, a não ser que se descubra a utilização de um dado indevidamente. E as imagens, dados e textos que publicamos nas redes sociais? Alguém tem acesso? Quem vê isso?
Estamos em meio ao paradoxo da privacidade: se por um lado, há preocupação, mesmo que legal, em preservar dados, por outro, ficamos cada vez mais expostos por nossas próprias publicações. É a festa em família, com amigos, é a foto bebendo uma espumante, é a foto na beira da praia com roupas de praia. Parece-me que existe a necessidade de divulgar aquilo que privativamente estamos fazendo.
Não pensem que eu não faço isso. Faço sim. Aqui não é uma crítica, mas uma reflexão. As fotografias impressas, guardadas em álbuns, passaram a ser obsoletas nessa nova era. Não quero entrar na paranoia de que a CIA ou KGB estejam me vigiando, até porque, acho que eles têm mais o que fazer. Porém, nossos dados estão flutuando por aí.
O documentário “A Era dos Dados” (Connected: The Hidden Science of Everything) mostra justamente por onde eles andam. Começando por uma simples self feita no celular.
Depois de vê-lo, fiquei na dúvida, ainda, se devo continuar com minhas redes sociais ou se devo excluir tudo. Se posso falar em voz alta, se devo parar de pensar ou se, ao pensar, devo colocar um cone de papel alumínio na cabeça tipo do filme “Sinais”, para bloquear que alguém leia meus pensamentos.
Exageros à parte, o documentário mostra como todas as redes se conectam, mesmo sem nosso consentimento, trazendo como exemplo a jornalista alemã Judith Duportail, ao utilizar um site de relacionamento. Judith conseguiu obter, depois de muita briga com o site, as informações que estavam no seu banco de dados. Isso resultou em 800 páginas de informações, não só deste site, mas interligando as informações de todos os outros em que ela possui conta, além de sua localização, com precisão de GPS, de todas as suas postagens em quatro anos de acessos.
Pasmem, a inteligência artificial entra em qualquer parte da sua casa ou trabalho. Basta ter um celular. Estamos sendo vigiados por algo que não vemos, não soubemos ao certo quem é, mas que existe. A situação é assustadora, ao imaginar que situações particulares possam ser acessadas por qualquer um. Será que a todo momento devemos escrever ou dizer a frase: “Não autorizo a leitura ou utilização de meus dados, mensagens, fotos ou textos em qualquer situação”?
Estamos engatinhando nesse mundo tão obscuro ainda. Prático, na vida real, onde qualquer um dá comando de voz, para ligar um ar-condicionado, mas sinistro para certas situações, que não imaginamos poderem existir até que existam.
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The Watched World
By Gabriela Streb
advgabrielastreb@gmail.com
The virtual world brought me concerns that I didn’t have. I think a few people are concerned about that. Brazil has the General Data Protection Law, which seeks to protect such information. Nobody cares much about unless the use of a data is discovered improperly. What about the images, data, and texts we publish on social media? Does anyone have access? Who sees this?
We are amid the privacy paradox: if, on the one hand, there is a concern, even if legal, in preserving data, on the other, we are increasingly exposed by our publications. It is the family party, with friends, the photo drinking sparkling wine, it is the photo on the shore with beach clothes. It seems to me that there is a need to disclose what we are privately doing.
Don’t think that I don’t do that. I do. Here it is not a criticism, but a reflection. Printed photographs, kept in albums, have become obsolete in this new era. I don’t want to get into the paranoia that the CIA or KGB are watching me because I think they have more to do. However, our data is floating around.
The documentary The Hidden Science of Everything shows exactly where they are—starting with a simple self-made on the cell phone.
After seeing it, I was still in doubt whether I should continue with my social networks or if I should delete everything. If I can speak out loud, if I should stop thinking or thinking, I should place a cone of aluminum foil on the head like the movie “Signs” to block someone from reading my thoughts.
Exaggerations aside, the documentary shows how all networks connect, even without our consent, using the German journalist Judith Duportail as an example, when using a social networking site. Judith managed to obtain, after a lot of fighting with the website, the information that was in her database. This resulted in 800 pages of information, not only from this site but linking the knowledge of all the others in which she has an account, in addition to her location, with GPS accuracy, of all her posts in four years of access.
Amazingly, artificial intelligence enters any part of your home or work. Just have a cell phone. We are being watched for something that we don’t see, we don’t know for sure who it is, but that it exists. The situation is frightening, imagining that anyone can access particular conditions. Should we at all times write or say the phrase: “I do not authorize the reading or use of my data, messages, photos or texts in any situation”?
We are still crawling in this very dark world. Practical, in real life, where anyone gives voice command to turn on an air conditioner, but sinister for specific situations that we don’t imagine could exist until they exist.
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