Por Redação da Florida Review
Rosh Hashaná, a celebração do Ano Novo Judaico, é um evento revestido de simbolismos e reflexões que transcende as fronteiras da religião. No epicentro dessa comemoração está o toque do shofar, um antigo instrumento musical feito a partir do chifre de um carneiro. Mas o que esse som enigmático significa realmente? E como pode ele ressoar não apenas em nossos ouvidos, mas também em nossas almas?
O Som que Conecta Céu e Terra
Em sua superfície, o shofar é um chamado à ação, um alerta espiritual que sacode nossa consciência adormecida. Mas ao adentrarmos em sua sonoridade, encontramos ecos de uma melodia divina, como se cada sopro carregasse consigo um fragmento da respiração primordial que insuflou vida em Adão. O shofar é a voz da criação, reverberando desde os primórdios do universo até o núcleo mais íntimo de nosso ser.
O Espaço Entre os Sons
Filosoficamente, podemos olhar para o som do shofar como uma manifestação da tensão entre ser e não-ser, entre a existência e a ausência. O shofar fala no idioma da interrupção: um sopro, um silêncio, outro sopro. Ele nos lembra que a vida é feita de ciclos, de recomeços que se seguem a finais, e nos convida a habitar o espaço entre esses extremos, o espaço onde a transformação ocorre.
O Poema Silencioso da Redenção
O shofar também carrega em si a melodia da esperança. Ele ressoou nos ouvidos de nossos antepassados quando as muralhas de Jericó caíram, e será tocado no dia em que um mundo de paz e harmonia será revelado. O som do shofar é, portanto, um poema silencioso à redenção futura, uma canção que só pode ser ouvida por aqueles que estão dispostos a escutar.
Um Chamado à Autenticidade
O Ano Novo Judaico é uma oportunidade para nos examinarmos profundamente, para nos perguntarmos se estamos vivendo em harmonia com nossos valores mais profundos. O shofar, então, é um apelo à nossa autenticidade. Ele nos pergunta: “O que você fará com o tempo que lhe foi dado? Como você ressoará no grande concerto da vida?”
Em Rosh Hashaná, ouvimos o shofar e somos lembrados de que cada um de nós é um instrumento em uma orquestra cósmica, cada um com sua própria nota para tocar. Que possamos ouvir o chamado, afinar nossas almas e tocar a melodia de nossas vidas com paixão, propósito e amor.