Por Antonio Tozzi
Apesar de morar nos Estados Unidos há 27 anos, sempre morei na Flórida, mais exatamente no sul da Flórida, onde há apenas duas estações durante todo o ano: hot or very hot! Tanto que as pessoas brincam que o inverno caiu no dia 17 de janeiro, às 5:00am em determinado ano…rs.
Nesse ano, porém, vivo uma experiência diferente. Morando temporariamente na região de Dayton, Ohio, dá para sentir o verdadeiro clima de outono, com as folhas das árvores ganhando aquelas tonalidades diferentes, com as cores de ferrugem, roxo ou tons de verde esmaecidos. É um espetáculo muito bonito, com as folhas se desprendendo das árvores e forrando o chão das ruas. Alguns usam rastelos para juntar as folhas, mas a maioria deixa as folhas intactas, como uma maneira da natureza marcar sua temporada que antecede a chegada do inverno.
A essa formosura visual, somam-se às baixas temperaturas, aliviadas com a presença do sol na maioria do dia, aliviando a sensação térmica. O cair da noite, porém, volta a esfriar e nas madrugadas os termômetros apontam temperaturas que chegam a zero grau Celsius. Claro que as estruturas das casas, com aquecimento interno, impedem que as pessoas congelem e sofram hipotermia.
Não estou em Plymouth, Massachusetts, mas celebrar o Thanksgiving em um ambiente semelhante me remete à experiência vivida pelos americanos que relembram o evento histórico vivido pelos peregrinos em 1620. Com exceção de que atualmente poucos americanos vivem as mesmas condições adversas enfrentadas pelos peregrinos que sofriam com a escassez de alimentos e um ambiente inóspito para eles, que desembarcaram da nau Mayflower para colonizar o Novo Mundo.
Eles tiveram a ajuda dos nativos americanos locais, particularmente Squanto e os Wampanoag. Com eles, os peregrinos aprenderam a pescar, caçar, cultivar milho e outras habilidades essenciais para a sobrevivência na nova terra. Em 1621, após uma colheita bem-sucedida, eles convidaram os Wampanoag para um grande festival batizado de Thanksgiving, que durou vários dias e incluiu uma abundância de comida e celebração, conforme consta dos documentos históricos.
Aliás, para completar essa experiência vou comemorar em um clube que abrirá suas portas para oferecer uma refeição típica, com direito aos rituais similares àqueles vivenciados pelos seus ancestrais ingleses. Enfim, um dia especial para quem até agora apenas celebrava o Thanksgiving através das festas escolares dos filhos e dos comerciais de TV vendendo perus, abóboras, automóveis e todo tipo de mercadorias, porque o importante é acionar a máquina da publicidade para justificar o consumo de bens e serviços.
Por falar em consumo, aviso que ainda resisto à onipresente Black Friday. Por dois motivos: não sou uma pessoa consumista e não acredito na veracidade das promoções. Eles usam algumas delas como iscas e depois cobram metade dos preços anunciados, sem mencionar que os preços haviam sido convenientemente reajustados dias antes da chamada Black Friday.
Happy Thanksgiving!