Por Kiki Garavaglia
No meio do mar Mediterrâneo, entre a África e a Itália, existe um pequeno paraíso desconhecido por muitos: Pantelleria. Eu nunca tinha ouvido falar dessa ilha, mas quando uma amiga me contou sobre ela, fiquei curiosíssima para conhecer.
Ao desembarcar no porto, minha primeira impressão foi de decepção. O lugar parecia pequeno, descuidado, com casas sem charme e um ambiente pouco acolhedor. Tinham me dito que ali só havia “gente bonita e chique” em casas deslumbrantes, mas não foi isso que vi de imediato. No entanto, à medida que subíamos as ruelas estreitas, comecei a notar detalhes encantadores: bares bem arrumados e limpos, pessoas simpáticas, butiques de roupas exóticas que misturavam influências africanas com o inconfundível bom gosto italiano. A ilha começou a me surpreender.
Pantelleria tem uma geografia única. É uma ilha de origem vulcânica, formada há cerca de 300 mil anos. Suas pedras negras lhe renderam o apelido de “Pérola Negra”. Ao longo da história, já teve vários nomes. Na época de Ulisses, protagonista de A Odisseia, de Homero, era chamada de Ogígia. Só em 1087 passou a ser conhecida como Pantelleria.
A paisagem é marcada por pequenas casas pretas com tetos brancos, projetadas para captar a água das chuvas. Por todos os lados, o solo é coberto por alcaparras que crescem abundantemente, algo que me surpreendeu – eu sempre imaginei que alcaparras fossem pequenas flores de árvores! Além disso, a principal atividade agrícola da ilha é o cultivo de uvas moscatel, utilizadas para produzir um vinho doce apreciado no mundo todo para acompanhar sobremesas.
Uma das experiências mais inesquecíveis da viagem foi visitar a casa de Giorgio Armani. O estilista, amigo de um casal que estava conosco, nos convidou para tomar o tradicional chá de menta e assistir ao pôr do sol no telhado de sua casa. Localizada no topo de uma colina, sua residência foge do convencional: em vez de mesas e cadeiras, almofadões gigantes, cobertos por tecidos africanos deslumbrantes, estavam espalhados pelo chão. De lá, vimos o sol se pôr sobre o mar infinito, enquanto o vento quente do deserto africano se misturava ao calor do verão siciliano…
Preciso dizer que foi um daqueles momentos raros e mágicos, que ficam para sempre na memória?