Por Gabriela Streb
A morte não é um assunto fácil. Não que eu esteja numa fase mórbida ou deprimida para trazer este assunto aqui. Tampouco esteja com a intenção de morrer logo. Pelo contrário, pretendo viver muitos anos ainda.
Também não é por conta do que passamos na pandemia que este assunto repercute em minha cabeça. Desde a faculdade já pensava nisso, claro com espaçamentos maiores. Lá tínhamos um professor que falava sobre direito funerário cujo assunto achava mais engraçado do que interessante.
Quando criança, volta e meia via meus pais indo num ou outro velório e na minha cabeça só os velhos morriam. Velhos na época com seus cinquenta ou sessenta anos. Hoje estou nessa faixa e acho que sou ainda muito nova, uma guria, tirando os cabelos brancos que insistem em aparecer. Haja tinta.
Não penso em como morrer, mas sim no evento em si. Não gostaria que fosse um momento triste devendo ter música. Nada de funk. Deixaria as gurias cinquentonas fazerem a playlist. Vinho se fosse inverno ou espumante no verão, com comes. Nada de fritura, comidinhas saudáveis.
O principal seria meu pedido já feito à Janaína, gerente do Aliança. Vai trazer uma bandeira nova do clube para ser colocada sobre meu caixão, não quero uma usada. E principalmente ela deve lembrar que minhas cinzas devem ser lançadas lá do alto do monumento num dia sem vento. Isso é muito importante.
Não quero que minhas cinzas parem dentro da piscina e sejam aspiradas ao final. Que vexame se isso acontecer. Já deixei isso tudo determinado. Espero não me decepcionar pois posso voltar e puxar o pé de todos.