Por Kitty Tavares de Melo
Esta semana em Jerusalém, um evento perturbador chamou a atenção: atritos entre religiões em uma procissão cristã. Este incidente não apenas expôs as fissuras e tensões existentes entre as grandes religiões abraâmicas, como o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, mas também revelou divisões internas dentro dessas próprias comunidades de fé. Vale ressaltar, no entanto, que todas essas três religiões abraâmicas compartilham a crença em um único Deus.
“Eu Sou o que Sou”: A Universalidade do Divino
Quando Moisés subiu ao Monte Sinai e perguntou a Deus seu nome, a resposta foi “Eu Sou o que Sou”. Este nome, carregado de significados filosóficos e teológicos, enfatiza a natureza inominável e universal de Deus. “Eu Sou” não se refere apenas à entidade divina, mas estende-se a toda a humanidade e, por extensão, a todas as formas de vida e existência.
A Contradição
Se o Deus das três grandes religiões abraâmicas é um Deus universal, como explicar atos de discriminação e desrespeito como os que ocorreram em Jerusalém? Quando uma pessoa critica outra, ou mesmo a si mesma, baseada em preceitos religiosos, está de certa forma desrespeitando essa divindade universal que acredita adorar. É uma contradição fundamental que expõe falhas não em Deus, mas na compreensão e prática humana da religiosidade.
O Papel dos Líderes Religiosos
O Papa Francisco e o Primeiro-Ministro israelense, Benjamin Netanyahu, condenaram veementemente o incidente. Mas palavras não são suficientes. As instituições religiosas e seus líderes têm a responsabilidade não apenas de pregar os princípios de sua fé, mas também de ensinar o respeito mútuo e a compreensão entre as diferentes comunidades de fé.
O Imperativo da Universalidade e Unicidade de Deus
É tempo de reconhecimento mútuo e respeito. O “Eu Sou” que cada religião abraâmica professa deve expandir-se para incluir não apenas os membros de sua própria fé, mas de todas as fés e até mesmo os sem fé. Afinal, se o Deus que Moisés encontrou no Monte Sinai é realmente o “Eu Sou” universal, então cada ato de ódio ou discriminação contra o próximo é um ato contra Deus. Esta é uma violação do princípio mais fundamental dessas religiões: a universalidade e unicidade de Deus.
A Necessidade de Reflexão Transcendental
Este artigo aborda uma questão tanto delicada quanto premente, instigando uma reflexão universal que transcende os limites de qualquer dogma específico. Quando nos confrontamos com a frase “Eu sou o que sou”, somos levados a um exame introspectivo profundo. É um reconhecimento de nossa própria essência com todas as suas facetas, sejam elas luminosas ou obscuras.
A Importância da Autoaceitação para um Mundo Tolerante
Este ato de autoafirmação e autoaceitação é um pilar crucial na construção de um mundo mais tolerante e empático. Se somos capazes de aceitar a nós mesmos em nossa totalidade complexa, surge então uma questão ética e moral: por que não estender esse mesmo grau de aceitação e compreensão ao outro?
Reconhecimento e Respeito ao Outro como Imperativo Moral e Humano
Reconhecer e respeitar o “Eu sou o que sou” no próximo não é apenas um imperativo moral para aqueles que se alinham com princípios religiosos, mas também um apelo à dignidade humana em sua forma mais pura e universal. Portanto, este artigo convida todos, independentemente de sua fé ou falta dela, a engajar-se em um diálogo interno e externo que honre a complexidade irredutível da condição humana.
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