Por Gabriela Streb
Minha geração foi aquela que tomava refrigerante apenas no domingo. Em compensação, tinha xarope de groselha.
Brincávamos na rua e só voltávamos para casa aos gritos da mãe que já era noite. O pescoço chegava a ter aquele famoso cordão de sujeira e suor. Meu irmão tinha carrinho de lomba e arminha com prendedor e bolinha de cinamomo de munição.
Dava para comer frutas no pé e praticamente toda casa tinha um parreiral. Não tinha poluição nem frango resfriado. Comíamos bala soft com todas as recomendações, afinal, tinha criança que já havia morrido engasgada com essa bala.
À noite, depois do Jornal na TV, a atração eram as novelas cheia de histórias com vilãs que eu adorava. Sempre gostei bem mais das vilãs do que das mocinhas, chatas, sofridas por centenas de capítulos e felizes apenas nos dois últimos.
Cinquenta anos atrás ninguém sabe犀利士
ria o significado de rede social então o jeito era escrever cartas. Trocava muitas cartas com minha prima que morava em Portland porque o telefone era muito caro. As ligações deveriam ser previamente combinadas em dias e horários marcados com aquele delay da voz. Parecia mais uma conversa de malucas.
Escrevia também para as embaixadas em Brasília e recebia muito material e cartas de correspondentes para o meu clube da culinária. Enfim, como criança tinha muitas atividades, além, é claro, do tênis. Lembro do meu pai preocupado que a qualquer momento seria convidado para prestar esclarecimentos porque a República Democrática da Alemanha (RDA) mandava revistas e informações periodicamente. Deve ter pensado que em certo momento eu viraria comunista. Não daria certo.