Por Claudia Zogheib
Baseado na vida de Elizabeth II dos anos 40 aos tempos atuais, recheada de intrigas, romances e rivalidades que ajudaram a moldar o século XX, assim é “The Crown”, a série da Netflix que está em sua quinta temporada.
Para quem é apaixonado pela Família Real, esta série faz reviver o mundo encantado dos contos de fadas, não tão conto de fadas assim, mas que de alguma forma relata uma história real nos tempos atuais.
Um príncipe encantado que não existe lá e nem no mundo real, uma princesa que desceu do salto e passou a ter voz, esta temporada é um misto de apaixonamento com realidade que coloca a prova as próprias crenças.
Nesta série tão instigante colocamos a fantasia e a realidade num mesmo caldeirão fazendo conviver com todos os temores que existem dentro de nós: as histórias de rainhas e reis, princesas e príncipes mostram vários aspectos de nós mesmos.
Os encantos de um Castelo e suas carruagens, a decoração e seus jardins, os casamentos glamourosos, vestidos divinamente lindos, cavalos, joias magníficas, paisagens, que mesmo sendo recheado de temas como ciúmes, rivalidades, feminino, masculino, manias, fidelidade, infidelidade, empoderamento, príncipe encantado, poder, cobiça, falta de transparência, coragem para assumir a própria história sem medo de ser feliz, trazem o ingrediente necessário para “The Crown” ser tão assistido e comentado, ser tão maravilhoso. Os cenários, as roupas, a vida glamurosa, trazem o ingrediente necessário para mostrar sua importância que tanto colaboram para a perfeição desta série.
A quinta temporada veio com várias novidades e claramente sabemos como tudo vai acabar, mas saborear seu lado “glamour”, principalmente num momento de tanto realismo e dureza, este mundo real e sem adereços nos faz confrontar as similaridades de temas que existem na família real e na vida real. Nesta temporada a monarquia está em crise, provavelmente a mais brava que Elizabeth passou. O incêndio do maior e o mais antigo dos Castelos, construído logo em seguida da conquista Normanda da Inglaterra em 1.060, local onde ela guarda suas memórias de infância, a decadência do iate real, a crise da família real perante os ingleses, as fontes de dores de cabeça que seus filhos lhe proporcionaram, Diana e a crise de seu casamento, além da própria crise do casamento de Elizabeth.
Entre continuar acreditando nos contos de fadas e no amor ingênuo e gostar desta série que conta a história de uma instituição talvez antiquada para alguns e controversa para outros, pensar no quanto estamos carentes de modelos, ou pelo menos, o quanto a crença neste mundo imaginário de reis e rainhas atualizam dentro de nós uma necessidade de crer e torcer por um desfecho feliz, fazem a mistura necessária que vale assistir não só pela reflexão e diversão, mas também por todos os adereços contidos em “The Crown”.
Talvez precisamos acreditar que um lado ingênuo ainda vive dentro de nós, e assistir a série nos faz embarcar no mundo do … “Era uma vez” …, e nos ajuda a transmutar os modelos de identidade que fomos construindo ao longo do tempo desde a nossa infância para algo mais compatível com as urgências contemporâneas.
Gostar ou não gostar é muito pessoal, mas a série é muito bonita e vale cada capítulo, além de ter sido muito bem escrita, Peter Morgan merece todas as honras.
A série até agora anuncia que irá até a sexta temporada, vale muito a pena assistir.
Este texto foi escrito ao som da música “Bewitched, Bothered, And Bewildered” de Ella 犀利士
Fitzgerald.
2 Comentários
Esta série é maravilhosa, e os comentários deste texto estão bem retratados em todos os sentidos. Parabéns a quem escreveu, conheço o trabalho desta psicanalista.
Obrigada, que bom que gostou.