Por Claudia Zogheib
Tornar-se, remete a ideia de um processo de continuidade, complexidade e profundidade em busca de si mesmo, um olhar para a integração e o projeto de vir a ser, que apreende o conteúdo em pri犀利士
meira instância como ser humano, consequentemente sob os efeitos que o mesmo lhe causa em seu papel no mundo.
Afirmar a origem do eu acentua a dimensão de alteridade presente na instância responsável pelo comportamento. O eu pode ser inconsciente no verdadeiro sentido da palavra, mas também corporal. O id é a parte da psique que se comporta como inconsciente, enquanto que o eu, é uma parte do id que foi modificada pela influência direta do mundo externo que constituem a fonte dos impulsos ou tendências de uma pessoa.
Para tornar-se existe um processo de construção dentro da realidade, e na dinâmica do olhar para dentro, podemos almejar e talvez alcançar quem de fato gostaríamos ou pretendemos nos tornar. E quanto mais olhamos para dentro, para como nos comportamos, mais somos conectados com a nossa verdadeira maneira de ser. Tornar-se é transformar-se, fazer-se, transfigurar-se, metamorfosear-se, transmudar-se.
Freud acreditava que boa parte daquilo que vivemos: emoções, impulsos e crenças, surgem a partir do nosso inconsciente e não é visível pela mente consciente. As nossas vivências influenciam o que temos dentro de nós, mas é o inconsciente que determina sua maior força.
Tornar-se, constrói nossa caminhada e reorganiza nossos impulsos, memórias esquecidas, e nos dirige a construção de nós mesmos, onde existe a integração de tudo o que somos e vivemos.
Freud usou a seguinte metáfora para mostrar como as três instâncias se relacionam: o ego é um cavaleiro tentando frear um cavalo selvagem (o id), seguindo as ordens do professor de equitação (superego).
Para tornar-se, estas três instâncias precisam estar em conversa, se sintonizarem, entrelaçarem, numa boa dose de convivência.
Em tempo, este texto foi escrito ao som da música: Rapte-Me Camaleoa, de Caetano Veloso.