Por Letícia Brunello
Caros leitores,
Em uma de nossas últimas conversas eu trouxe uma curiosidade distinta: Uma cidade brasileira possui o direito, reconhecido na justiça, de usar o termo Champagne em seus produtos. Contudo, esse direito não vale para todos os espumantes lá produzidos. Vamos entender um pouco mais sobre essa história?
A história começa em 1875, quando Manoel Peterlongo Filho, um imigrante italiano, chegou à recém-criada colônia de Conde D’Eu (hoje Garibaldi, no Rio Grande do Sul). Agrimensor de profissão, ele nasceu em uma família de produtores de vinho, o que despertou sua paixão pela viticultura. Influenciado pela tradição vinícola europeia e pela terra fértil da região sul do Brasil, ideal para o cultivo de uvas, Manoel fundou a Vinícola Peterlongo em 1915.
Foi sob sua liderança que a vinícola criou o primeiro espumante brasileiro, o Moscato Typo Champagne, um marco na história da viticultura nacional. Vale destacar que, na época, a região de Champagne, na França, ainda não havia conquistado a sua Denominação de Origem Controlada (DOC), e a Peterlongo continuou a usar o termo “Champagne” em seus produtos. Isso, claro, gerou um processo judicial que chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde a decisão final foi favorável à vinícola, considerando o histórico da marca, e especialmente o fato da produção ser muito anterior à DOC de Champagne.
Hoje, graças a essa decisão, a Peterlongo pode continuar utilizando o termo “Champagne” em seus produtos da linha Elegance (Nature e Brut), desde que sejam elaborados pelo método tradicional de produção, o mesmo utilizado na famosa região francesa. Essa técnica envolve a fermentação da bebida em garrafa e a maturação prolongada, característica essencial para a criação de espumantes de alta qualidade.
O champagne da linha Elegance, produzido pela Peterlongo, é feito com uvas Chardonnay, e seu processo de vinificação inclui a fermentação parcial em barricas de carvalho francês, além de um período de maturação de 36 meses nas caves subterrâneas. Esse tempo de maturação é crucial para desenvolver as complexas características de aroma e sabor que os apreciadores de espumante tanto valorizam.
Portanto, o direito da Peterlongo de usar o nome “Champagne” é o reflexo de sua história única e da contribuição que a vinícola deu ao cenário vinícola brasileiro, preservando uma tradição que remonta ao início do século XX, ao mesmo tempo em que segue rigorosamente os métodos de produção de espumantes de alta qualidade.
E você, já provou o Champagne da Peterlongo?
Até a próxima,
Tim-tim!